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- STF realiza audiências sobre tentativa de golpe envolvendo o coronel Marcelo Câmara, em Brasília, nesta quinta-feira (17).
- Defesas criticam ausência de intimações formais, o que compromete a presença das testemunhas e a ampla defesa.
- Câmara é acusado de liderar rede clandestina de espionagem contra autoridades, segundo a PGR.
- Depoimentos seguem até 21 de julho e podem fortalecer provas contra organização criminosa investigada pelo STF.
O Supremo Tribunal Federal (STF) registrou nesta quinta-feira (17) o segundo dia consecutivo de baixa adesão em audiências da ação penal que investiga o chamado Núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado. Das 20 testemunhas de defesa do coronel Marcelo Câmara previstas para depor, apenas cinco compareceram.
Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é acusado de integrar uma estrutura paralela de inteligência voltada à vigilância ilegal de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
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Por que as testemunhas de defesa não compareceram?
Desde o início das audiências, as defesas têm criticado a decisão do ministro Moraes de não intimar formalmente as testemunhas de defesa. Com isso, cabe aos advogados garantir a presença dos depoentes, que não são obrigados a comparecer. Segundo os defensores, essa medida compromete o direito à ampla defesa.
A audiência foi conduzida por videoconferência pelo juiz auxiliar Rafael Tamai, sem gravação de áudio ou vídeo, conforme determinação do relator. Apenas jornalistas credenciados puderam acompanhar os depoimentos na sede do STF, em Brasília.
Quem é Marcelo Câmara e qual seu papel na investigação?
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Câmara teria coordenado ações de “monitoramento e neutralização” de autoridades públicas, operando uma rede clandestina de espionagem. Ele é um dos cinco réus do Núcleo 2, apontado como responsável por estratégias para manter Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral.
Durante o depoimento, o capitão do Exército Osmar Crivelatti, ex-subordinado de Câmara, negou envolvimento em monitoramentos:
“Nunca recebi essa missão”, afirmou Crivelatti, que também é citado no caso do desvio de joias, mas nega participação.
Como os núcleos da trama golpista estão organizados?
Segundo a PGR, a tentativa de golpe foi estruturada em núcleos. O Núcleo 2, com seis réus, teria atuado na articulação institucional e inteligência paralela. Já o Núcleo 3, com 12 réus, é acusado de planejar ações violentas, como sequestros e assassinatos, para gerar comoção social e justificar uma ruptura institucional.
Entre os planos investigados estão o “Copa 2022” e o “Punhal Verde Amarelo”, que teriam como objetivo desestabilizar o país para favorecer a permanência de Bolsonaro no poder.
Quais são os próximos passos no STF?
As audiências do Núcleo 2 seguem até 21 de julho. Em seguida, entre 21 e 23 de julho, serão ouvidas testemunhas do Núcleo 3. A expectativa é que os depoimentos ajudem a consolidar provas sobre a suposta organização criminosa.
Confira os réus de cada núcleo:
- Núcleo 2: Filipe Martins, Marcelo Câmara, Silvinei Vasques, Mário Fernandes, Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira.
- Núcleo 3: Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Estevam Theophilo, Fabrício Bastos, Hélio Ferreira, Márcio Resende Júnior, Nilton Rodrigues, Rafael Oliveira, Rodrigo Bezerra, Ronald Araújo Júnior, Sérgio Medeiros e Wladimir Soares.
Relação com o Amazonas e o cenário político nacional
Embora os réus não sejam do Amazonas, o caso tem impacto direto no debate político local. O estado registrou forte polarização nas eleições de 2022 e segue atento às decisões do STF, que influenciam o ambiente institucional em todo o país. A atuação da PGR e do STF também reforça o papel das instituições no combate a tentativas de ruptura democrática.
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