STF decide se Bolsonaro e aliados viram réus por trama golpista

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Ex-presidente e sete aliados são acusados de crimes contra a democracia, incluindo golpe de Estado e organização criminosa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (24), às 9h30, o julgamento que decidirá se o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados se tornarão réus por suposta participação em uma trama golpista. A denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em fevereiro de 2023, acusa os envolvidos de liderar um esquema criminoso com o objetivo de derrubar o governo legitimamente eleito e abalar a ordem democrática.

Julgamento conduzido pela Primeira Turma do STF

O caso está sendo analisado pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. O regimento interno do Supremo determina que as turmas do tribunal julguem ações penais, e, como Moraes integra essa turma, a denúncia foi direcionada ao colegiado.

Se a denúncia for aceita, Bolsonaro e seus aliados passarão a responder a uma ação penal, podendo ser condenados ou absolvidos das acusações. A Primeira Turma também reservou a manhã de quarta-feira (26) para a continuidade do julgamento.

Rito do julgamento

A sessão segue um rito definido no regimento interno do STF, com etapas organizadas para garantir a ampla defesa e o contraditório. Confira os principais momentos:

  1. Abertura: presidida pelo ministro Cristiano Zanin;
  2. Relatório: leitura das acusações e da tramitação do caso por Alexandre de Moraes;
  3. Sustentação Oral: o procurador-geral da República terá 30 minutos para defender a denúncia;
  4. Defesa dos acusados: cada advogado terá 15 minutos para expor seus argumentos;
  5. Voto do relator: Alexandre de Moraes votará, analisando questões preliminares e, em seguida, o mérito da denúncia;
  6. Votos dos demais ministros: os outros quatro integrantes da turma decidirão se acompanham ou não o voto do relator.

Os principais acusados

A denúncia foca no chamado “Núcleo 1”, composto por oito integrantes considerados pela PGR como peças centrais da trama:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Walter Braga Netto, general do Exército e ex-vice na chapa de 2022;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator.

Acusações graves contra a democracia

Segundo a denúncia, o grupo teria atuado entre julho de 2021 e janeiro de 2023, organizando ações contra a ordem democrática. A PGR afirma que Bolsonaro liderou o esquema e tinha pleno conhecimento de planos como o “Punhal Verde e Amarelo”, que envolvia, entre outros atos, o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

Outro ponto central da denúncia é a “minuta do golpe”, documento encontrado durante investigações que detalhava um plano para declarar estado de defesa e anular o resultado das eleições de 2022.

Crimes denunciados

A PGR acusa o grupo de cinco crimes graves, com penas máximas que somam mais de 30 anos de prisão:

  • Organização criminosa armada: pena de 3 a 8 anos;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 4 a 8 anos;
  • Golpe de Estado: pena de 4 a 12 anos;
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça: pena de 6 meses a 3 anos;
  • Deterioração de patrimônio tombado: pena de 1 a 3 anos.

Defesa de Bolsonaro e aliados

Os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro questionaram a legalidade de provas e pediram a nulidade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Além disso, a defesa solicitou o afastamento de três ministros do julgamento – Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino – sob alegação de parcialidade. Outro pedido foi para que o caso fosse julgado pelo plenário completo do STF, e não pela Primeira Turma.

Desdobramentos futuros

Nas próximas semanas, o STF também julgará a denúncia contra outros 26 acusados, divididos em diferentes núcleos pela PGR para facilitar a análise do caso. A aceitação da denúncia contra Bolsonaro e seus aliados pode abrir precedentes importantes para as ações futuras.

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