Novos áudios revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo colocam Anne Moura, secretária nacional do PT Mulheres, no centro de uma nova denúncia de desvio de verbas públicas. Desta vez, a acusação envolve recursos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), originalmente destinados a cursos de qualificação profissional.
Segundo a reportagem, as gravações mostram Anne solicitando apoio financeiro para sua campanha à Câmara Municipal de Manaus. Os recursos teriam sido gerenciados pela ONG Instituto de Articulação de Juventude da Amazônia (Iaja), fundada por ela mesma.
Leia Mais:
Anne Moura teria sugerido desvio de salários
Em um dos áudios, Anne afirma: “Estamos prestes a ganhar essa eleição. Só que a gente precisa saber como a gente vai fazer isso. Eu preciso de dinheiro. De forma objetiva: eu preciso de dinheiro”. A fala foi registrada por Marcos Rodrigues, ex-presidente do Iaja.
Em outro trecho, ela questiona os valores pagos aos coordenadores do projeto. Segundo Rodrigues, a dirigente sugeriu redirecionar parte dos salários para sua campanha eleitoral. O ex-aliado afirma ter participado do esquema a pedido da própria Anne.
Acusações anteriores e impacto político
Essa é a terceira denúncia envolvendo Anne Moura. Em 2023, ela foi acusada de desviar recursos de um projeto cultural infantil para beneficiar uma escola de samba que a homenageou. Também teria utilizado verba do Ministério da Cultura em sua candidatura.
O caso pode afetar diretamente a imagem do PT no Amazonas, onde Anne tem forte atuação política. A denúncia também levanta questionamentos sobre o uso de verbas federais em projetos geridos por entidades ligadas a lideranças partidárias.
Resposta de Anne Moura e possível investigação
Em nota publicada nas redes sociais, Anne negou todas as acusações. Ela afirmou desconhecer os áudios e acusou Marcos Rodrigues de tentativa de difamação. Segundo a dirigente, ele foi destituído da presidência do Iaja por má gestão.
O caso pode ser investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), órgãos responsáveis pela fiscalização do uso de recursos públicos federais.
Até o momento, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o MTE não se manifestaram oficialmente. Caso confirmadas, as irregularidades podem configurar abuso de poder político e uso indevido de recursos públicos em campanha, com consequências eleitorais e penais.
Repercussão no cenário local e nacional
A denúncia ocorre em um momento de pré-campanha intensa em Manaus. Anne Moura é pré-candidata à Câmara Municipal e figura influente no PT local. A possível ligação entre verbas federais e campanhas municipais preocupa lideranças e eleitores.
Especialistas apontam que o caso reforça a necessidade de maior controle sobre repasses a ONGs e entidades conveniadas. O episódio também pode influenciar o debate sobre a transparência no uso de recursos do governo federal em programas de capacitação e cultura.