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- Deputados atacaram Marina Silva com ofensas durante audiência na Câmara em 2 de agosto, motivando ação da Secretaria da Mulher.
- Evair de Melo comparou a ministra a grupos extremistas e a um câncer, gerando reação por violência política de gênero.
- O caso ameaça o debate ambiental e expõe a escalada de ataques a mulheres na política brasileira.
Violência política de gênero voltou a marcar o debate público no Congresso. A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados acionou a Corregedoria Parlamentar após novos insultos à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara, no dia 2 de agosto.
O episódio soma-se a outro ocorrido em maio, quando Marina foi atacada por senadores durante audiência no Senado. A Secretaria classificou as falas como desrespeitosas e incompatíveis com o decoro parlamentar.
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Violência política de gênero no Congresso
Em nota oficial, a Secretaria da Mulher afirmou que o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) ofendeu Marina Silva com declarações que violam os princípios democráticos. A representação formal à Corregedoria busca responsabilização por condutas que atentam contra a dignidade e o mandato de mulheres na política.
O documento também alerta para a escalada de violência política de gênero nas esferas federal, estadual e municipal. Segundo a secretaria, o objetivo dessas ações é intimidar e silenciar lideranças femininas.
Declarações ofensivas durante audiência
Durante a audiência, Evair de Melo comparou a ministra a grupos como as Farc e o Hamas. Também repetiu uma fala anterior, associando Marina a um câncer. “O câncer, muitas vezes, tem cura”, ironizou o parlamentar.
Outro momento polêmico ocorreu quando o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) pediu que Marina “tivesse calma” durante sua fala. A ministra rebateu, apontando machismo na crítica, já que homens não são repreendidos por discursos enfáticos.
Contexto político e impactos no Amazonas
Marina Silva é uma das principais vozes na defesa da Floresta Amazônica. Os ataques à ministra têm impacto direto no debate ambiental, especialmente no Amazonas, estado que concentra grande parte da biodiversidade brasileira.
A ministra esteve recentemente em Manaus para discutir o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. A instabilidade política pode enfraquecer a governança ambiental e comprometer metas climáticas.
Legislação e combate à violência política
A Lei nº 14.192/2021 estabelece normas para prevenir e punir a violência política de gênero. A Secretaria da Mulher reforçou que o Congresso não pode ser conivente com sua violação.
“Transformar audiências públicas em palanques de intolerância enfraquece a democracia”, diz a nota. A Secretaria exige responsabilização e reafirma seu compromisso com o respeito às mulheres na política.
O caso reacende o debate sobre a necessidade de garantir espaços seguros e democráticos para lideranças femininas, especialmente em áreas estratégicas como o meio ambiente e os direitos humanos.