Ex-presidente afirma ser alvo de perseguição política e critica o Supremo Tribunal Federal.
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou, nesta quarta-feira (26), ter articulado um plano golpista com os comandantes das Forças Armadas para suspender as eleições de 2022. A declaração foi feita após o Supremo Tribunal Federal (STF) torná-lo réu em julgamento conduzido com base na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). A acusação aponta que Bolsonaro teria usado uma minuta que previa Estado de Sítio ou Defesa como base para a articulação do golpe.
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Bolsonaro reage à denúncia
Em um discurso de 50 minutos em frente ao Senado, ao lado de parlamentares aliados, Bolsonaro alegou ser vítima de perseguição política e voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, relator de diversos processos envolvendo o ex-presidente. Ele também retomou as críticas ao sistema de votação brasileiro, sugerindo, sem apresentar provas, que as urnas eletrônicas não são confiáveis.
Bolsonaro afirmou que “discutir hipóteses de dispositivos constitucionais não é crime” e negou que os comandantes militares teriam aceitado qualquer plano para interromper o processo democrático. “As Forças Armadas jamais embarcariam em uma aventura como essa”, declarou.
Denúncia da PGR e contexto político
A denúncia apresentada pela PGR é sustentada pela descoberta de uma minuta de decreto em uma das residências de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e também investigado no caso. Segundo a PGR, o documento detalhava medidas para invalidar o resultado das eleições presidenciais de 2022, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito.
O STF aceitou a denúncia por entender que há indícios suficientes para que Bolsonaro seja investigado formalmente por incitação à insurreição e tentativa de ruptura institucional. Caso condenado, o ex-presidente pode enfrentar penas que incluem perda de direitos políticos e até prisão.
A polarização e os desdobramentos
A defesa de Bolsonaro ocorre em um cenário de intensa polarização política no Brasil. A acusação de tentativa de golpe amplia ainda mais o clima de divisão entre seus apoiadores e opositores. Parlamentares da base do governo criticaram duramente as declarações do ex-presidente, enquanto seus aliados insistem na tese de perseguição.
Analistas apontam que o processo deve ser longo e politicamente desgastante, com impactos diretos na imagem de Bolsonaro e no bolsonarismo, especialmente em um momento de reorganização do campo político para as eleições municipais de 2024.
STF e o fortalecimento institucional
A decisão do STF em tornar Bolsonaro réu é vista por especialistas como um marco no fortalecimento das instituições democráticas do país. A postura da Corte sinaliza um compromisso com a responsabilização de lideranças políticas que tenham protagonizado ações contrárias à ordem constitucional.
Enquanto isso, a sociedade brasileira aguarda os próximos desdobramentos do caso, que deve continuar a reverberar no cenário político e jurídico nacional.