A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) denunciou que seu visto para os Estados Unidos foi emitido com o gênero masculino, contrariando seus documentos oficiais brasileiros. A parlamentar foi convidada pela Universidade de Harvard para um curso sobre políticas públicas.
Segundo Duda, todos os seus documentos estão no feminino. No entanto, o consulado norte-americano informou que o visto seria emitido com o gênero masculino por ser de “conhecimento público” que ela é uma pessoa trans.
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Visto com gênero masculino gera reação diplomática
“Minha certidão de nascimento está no feminino, meu CPF, meu RG e todos os outros documentos também. Mas o governo Trump me avisou que meu visto virá no masculino”, declarou Duda em suas redes sociais.
Ela classificou o caso como uma violação da soberania brasileira. “Não cabe ao governo dos EUA discordar dos nossos documentos”, afirmou.
A deputada também disse esperar um posicionamento firme do Itamaraty sobre o caso.
Erika Hilton também foi alvo de recusa de identidade
A situação de Duda é semelhante à vivida por Erika Hilton (PSOL-SP). A deputada teve sua identidade de gênero negada ao solicitar um visto diplomático para uma conferência acadêmica nos EUA.
“Esse ataque não é só contra mim e Erika”, escreveu Duda.
Erika classificou o episódio como um ato de transfobia de Estado e defendeu uma resposta diplomática do Brasil. “Quando invade outro país, pede resposta do Itamaraty”, afirmou.
Ordem Executiva 14168 e política de gênero dos EUA
A Ordem Executiva 14168, assinada por Donald Trump em janeiro de 2024, determina que os órgãos federais dos EUA reconheçam apenas dois sexos: masculino e feminino, imutáveis desde o nascimento.
A embaixada dos EUA no Brasil confirmou, em nota, que segue essa diretriz. A medida proíbe a autoidentificação de gênero em documentos como passaportes e vistos.
O caso levanta discussões sobre direitos humanos, política externa e identidade de gênero, especialmente em contextos diplomáticos e acadêmicos.
Impacto político e institucional no Brasil
O episódio pode gerar repercussões no Congresso Nacional e no Ministério das Relações Exteriores. Parlamentares da bancada LGBTQIA+ devem pressionar o governo federal por uma resposta formal.
Além disso, especialistas apontam que a medida americana pode violar acordos internacionais de respeito à autodeterminação de gênero, como os princípios da Declaração de Princípios de Yogyakarta.
No contexto do Amazonas, a situação reforça a importância do debate sobre direitos civis e inclusão, especialmente em políticas públicas voltadas à população trans em estados periféricos.