TCE-AM exige esclarecimentos sobre viagem de luxo do prefeito de Manaus

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A polêmica viagem ao Caribe do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), durante o Carnaval, gerou desdobramentos legais e políticos significativos. O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) determinou que o prefeito apresente, em até cinco dias úteis, esclarecimentos sobre os custos da viagem, que teriam sido pagos por empresas com contratos ativos junto à Prefeitura de Manaus.

A representação foi formalizada pelo vereador Coronel Rosses (PL), que acusa o prefeito de se beneficiar de bens e serviços de alto padrão — como hospedagens luxuosas, deslocamento em jatinho particular e eventos exclusivos —, custeados supostamente por fornecedores municipais. Entre as empresas investigadas estão MURB, GRAFISA, ROYAL TECH e RIO PIORINI, todas contratadas para prestar serviços à administração pública.

TCE-AM vê indícios para investigação

O relator do caso, conselheiro Érico Xavier Desterro e Silva, destacou em sua decisão que os indícios apresentados são suficientes para justificar a investigação e uma resposta formal da Prefeitura. Embora o TCE tenha decidido, por ora, não suspender os pagamentos às empresas citadas, advertiu que poderá adotar medidas cautelares mais severas caso as explicações sejam consideradas insatisfatórias.

A decisão foi publicada no Diário Oficial Eletrônico do TCE-AM na última terça-feira (25).

Reação popular: críticas e protestos

Nas redes sociais, a repercussão da viagem foi imediata. Internautas manifestaram indignação com a ausência do prefeito em um momento crítico, marcado por enchentes e deslizamentos causados pelas fortes chuvas em Manaus. Diversos usuários cobraram investigações nacionais, marcando jornalistas renomados e denunciando o caso publicamente.

Além disso, manifestações espontâneas ocorreram na capital amazonense. Durante coletiva de imprensa realizada após o retorno de David Almeida, motoristas e populares protestaram com gritos de “vai para o Caribe” e “vai trabalhar, vagabundo”.

Câmara Municipal: oposição barrada

A crise também provocou divisões na Câmara Municipal de Manaus. Um requerimento da oposição, que exigia explicações formais do prefeito, foi rejeitado por 24 dos 41 vereadores. A decisão gerou suspeitas de um possível “acordão” político para blindar David Almeida e preservar sua base de apoio.

A primeira-dama, Izabelle Fontenelle, também se envolveu na controvérsia ao publicar vídeos descontraídos durante a viagem, defendendo-se posteriormente nas redes sociais e alegando que as críticas seriam “ataques motivados por interesses políticos”.

Próximos passos e possíveis desdobramentos

Com a determinação do TCE-AM, a Prefeitura terá de apresentar documentos que comprovem a legalidade das despesas e afastem qualquer vínculo irregular com as empresas investigadas. Caso contrário, o Tribunal poderá determinar o bloqueio de contratos, além de aplicar sanções administrativas ao prefeito e sua gestão.

Especialistas apontam que, além das consequências jurídicas, a repercussão negativa pode comprometer politicamente David Almeida, que enfrenta um visível desgaste de imagem junto ao eleitorado.

Cenário político em alerta

O episódio, que expôs tensões entre a oposição e a base governista, ressalta os desafios enfrentados por David Almeida para reverter a crise de confiança. A apuração do TCE-AM será crucial para determinar se houve ou não irregularidades envolvendo a viagem e os contratos municipais, podendo influenciar diretamente na governabilidade e na condução da gestão municipal.

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