Taxação dos Estados Unidos ameaça exportações do Brasil

Governo convoca indústria e agronegócio para discutir reação às tarifas de 50% impostas por Washington.
Taxação dos Estados Unidos ameaça exportações do Brasil

Compartilhe

Ver resumo
  • Governo federal reuniu indústria e agronegócio nesta terça (15), em Brasília, para discutir a taxação dos Estados Unidos.
  • A tarifa de 50% afeta produtos brasileiros e deve entrar em vigor em 1º de agosto, impactando exportações.
  • Brasil exportou US$ 37 bilhões aos EUA em 2023; setores como agropecuária e eletrônicos estão entre os mais atingidos.
  • Comitê interministerial avaliará contramedidas e diálogo com empresas americanas será intensificado.

O governo federal iniciou nesta terça-feira (15), em Brasília, uma série de reuniões com representantes da indústria e do agronegócio para discutir a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo governo de Donald Trump, deve entrar em vigor em 1º de agosto e afeta diretamente exportadores brasileiros.

Pela manhã, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, conduziu o encontro com empresários industriais. À tarde, o diálogo será com representantes do agronegócio, setor estratégico para a economia do Amazonas e do país.

Taxação dos EUA preocupa indústria e agronegócio

Durante a abertura, Alckmin defendeu uma abordagem diplomática e institucional para lidar com a taxação. Ele destacou que o governo brasileiro já havia tentado negociar com os EUA antes do anúncio das tarifas.

“No dia 16 de maio foi encaminhada, em caráter confidencial, uma proposta para os Estados Unidos, que ainda não foi respondida. Até sexta-feira, antes do anúncio, havia reuniões técnicas em andamento”, afirmou o vice-presidente.

O governo reforçou que não pretende interferir em outros poderes, como sugerido por Trump ao criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Alckmin pediu engajamento do setor privado para formular uma resposta conjunta.

Comitê interministerial coordena resposta brasileira

As reuniões marcam a primeira ação do recém-criado Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais. O grupo é formado pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil. Outras pastas também foram convidadas.

O comitê irá avaliar medidas diplomáticas, econômicas e jurídicas para responder à decisão dos EUA. Segundo Alckmin, o Brasil poderá usar a nova lei de reciprocidade econômica, aprovada pelo Congresso e regulamentada nesta terça-feira.

Brasil busca diálogo com empresas americanas

Além do setor produtivo nacional, o governo também pretende dialogar com empresas americanas que importam e exportam para o Brasil. A ideia é mostrar os impactos negativos da tarifa para os próprios Estados Unidos.

“O Brasil não tem superávit com os EUA. Dos dez produtos que eles mais exportam para cá, oito têm tarifa zero. Essa taxação é inadequada”, afirmou Alckmin.

No Amazonas, que concentra parte da produção industrial voltada à exportação, especialmente no Polo Industrial de Manaus, a medida pode afetar diretamente a competitividade de segmentos como eletroeletrônicos e componentes automotivos.

Quais setores brasileiros serão mais impactados?

Embora o governo americano ainda não tenha detalhado todos os produtos afetados, a taxação de 50% deve incidir sobre itens com maior volume de exportação. Entre os principais setores ameaçados estão:

  • Agropecuária (soja, carne bovina e suína)
  • Indústria de transformação (máquinas e equipamentos)
  • Produtos químicos e farmacêuticos
  • Componentes eletrônicos e automotivos

O Brasil exportou cerca de US$ 37 bilhões para os EUA em 2023, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. O Amazonas representa parcela relevante dessas exportações, especialmente em bens industrializados.

Leia também

Governo brasileiro estuda medidas para responder à taxação dos EUA

Corpatilhe:
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore