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- Brasil enviou carta aos EUA em 9 de julho contra tarifas de importação dos EUA de 50% sobre seus produtos.
- Medida pode afetar até US$ 8 bilhões em exportações brasileiras e impactar o Polo Industrial de Manaus.
- Governo brasileiro aguarda resposta dos EUA a proposta enviada em maio para evitar medidas unilaterais.
- Déficit comercial com os EUA já ultrapassa US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos.
O governo brasileiro enviou uma carta oficial ao governo dos Estados Unidos nesta terça-feira (9), manifestando “indignação” com a decisão norte-americana de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O documento foi assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Endereçada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer, a carta critica o impacto econômico e diplomático da medida.
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Tarifa de 50% afeta setores estratégicos e ameaça relação histórica
Segundo o documento, a nova tarifa compromete setores essenciais das economias de ambos os países e coloca em risco a parceria bilateral construída ao longo de dois séculos.
“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto”, afirma a carta.
O texto ressalta que o comércio é um dos pilares da cooperação entre as duas maiores economias das Américas. A medida, segundo os ministros, contradiz o histórico de diálogo e cooperação entre os países.
Déficit comercial com os EUA ultrapassa US$ 400 bilhões
O governo brasileiro também destaca que, nos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit de aproximadamente US$ 410 bilhões na balança comercial com os Estados Unidos, segundo dados do próprio governo norte-americano.
A carta reforça que, apesar desse desequilíbrio, o Brasil tem mantido uma postura de boa fé e buscado caminhos para aprimorar o comércio bilateral.
Brasil aguarda resposta dos EUA sobre proposta enviada em maio
O documento cita uma minuta confidencial de proposta enviada em 16 de maio de 2025, na qual o Brasil apresentou áreas de negociação para evitar medidas unilaterais e buscar soluções conjuntas.
Até o momento, segundo o Itamaraty e o MDIC, os Estados Unidos não responderam à proposta. O Brasil reitera o interesse em retomar o diálogo com urgência.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral”, conclui a carta.
Impacto no Amazonas e na indústria nacional
A medida também preocupa setores produtivos do Amazonas, especialmente o Polo Industrial de Manaus, que depende da exportação de componentes eletrônicos e produtos manufaturados. A elevação das tarifas pode reduzir a competitividade de empresas locais e afetar empregos na região.
Em nível nacional, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que as tarifas podem comprometer até US$ 8 bilhões em exportações anuais brasileiras.
Leia a nota do Itamaraty e MDIC na íntegra
“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição dessas tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco a parceria econômica histórica entre os dois países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas. Apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, o país tem atuado com boa fé nos diálogos com autoridades norte-americanas. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação. Em 16 de maio de 2025, o Brasil enviou minuta confidencial de proposta, com sugestões de áreas de negociação. O governo brasileiro ainda aguarda resposta dos EUA à sua proposta. À luz da urgência do tema, o Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral.”