Com o apoio do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), o vereador David Reis (Avante) foi eleito presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM) para o biênio 2025-2026. A eleição aconteceu nessa quarta-feira, 1º, no plenário Adriano Jorge, na Casa Legislativa. Dentre os 41 vereadores, David Reis obteve 35 votos, contra cinco do opositor, Rodrigo Guedes (PP). O único voto em branco foi do vereador Coronel Rosses (PL).
Votaram em Reis, além dele próprio: Thaysa Lippy (PRD), Everton Assis (União), Marco Castilhos (União), Kennedy Marques (MDB), Eduardo Alfaia (Avante), Elan Alencar (DC), Ivo Neto (PMB), João Paulo Janjão (Agir), Aldenor Lima (União), Diego Afonso (União), Joelson Silva (Avante), Jaildo Oliveira (PV), Rosivaldo Cordovil (PSDB), Gilmar Nascimento (Avante), Yomara Lins (Podemos), Saimon Bessa (União), João Carlos (Republicanos), Allan Campelo (Podemos), Eurico Tavares (PSD), Professora Jacqueline (União), Dione Carvalho (Agir), Mitoso (MDB), Rosinaldo Bual (Agir), Raulzinho (MDB), Jander Lobato (PSD), Roberto Sabino (Republicanos), Raiff Matos (PL), Pai Amado (Avante), Paulo Tyrone (PMB), Sérgio Baré (PRD), Rodinei Ramos (Avante), Marcelo Serafim (PSB) e Professor Samuel (PSD).
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Os cinco votos de Guedes foram dos vereadores José Ricardo (PT), Sargento Salazar (PL), Capitão Carpê (PL), Rodrigo Sá (PP) e dele próprio.
David Reis é filho do atual secretário municipal de Limpeza Pública e ex-deputado estadual Sabá Reis. Esta é a segunda vez que o parlamentar assume a presidência da CMM, acumulando polêmicas desde o primeiro mandato (2021-2022) à frente da Câmara.
‘Puxadinho’
Entre 2021 e 2022, David Reis autorizou a construção do prédio anexo II da CMM, o que ficou conhecido como o “puxadinho“. A obra teve valor estimado em quase R$ 32 milhões.
Na época, dos 41 vereadores da Casa Legislativa, apenas Amom Mandel (Cidadania; à época sem partido), Rodrigo Guedes (PP, antes PSC) e Capitão Carpê (PL, que era do Republicanos) se manifestaram contra a construção.
Logo depois, a Justiça do Amazonas barrou a licitação por quatro vezes e, por conta da má repercussão do caso entre a população, Reis suspendeu a licitação para a construção do anexo.
Na ocasião, o vereador justificou que o projeto seria o “primeiro prédio público construído de frente para o rio”. Também reclamou de não ter tido a oportunidade de esclarecer os detalhes da obra e alegou, ainda, ter sido perseguido e “alvo de maldade”, o que o levou a desistir da construção. Veja, a seguir, a íntegra do edital para construção do anexo II.
Kits para turbinar ações de vereadores
Outra polêmica envolvendo o vereador foi a aquisição de “kits selfie” para cada um dos 41 vereadores. Somando todos os kits, a CMM teve um gasto de quase R$ 640 mil na compra de máquinas fotográficas e acessórios para os vereadores divulgarem suas ações. O kit continha câmera fotográfica, filmadora, microfone, lente e bateria.
Foram 42 máquinas fotográficas digitais profissionais, no valor de R$ 13,6 mil cada, e 42 mochilas para equipamentos fotográficos, a R$ 582 a unidade. Além desses, um flash de R$ 4.790; um tripé profissional por R$ 1.470, e um kit ring light de R$ 757, usados para auxiliar na captação de imagens. Os vereadores Rodrigo Guedes e Amom Mandel decidiram devolver os materiais.
Na época do caso, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) acatou uma representação com medida cautelar tendo como alvo possíveis irregularidades no contrato da gestão de David Reis na aquisição dos kits.
A medida cautelar foi interposta por Lúcio Clenio Carioca da Silva em face da CMM. O denunciante argumentava que o kit selfie, além de ter sido um gasto desnecessário, foi feito com sobrepreço dos produtos.
41 picapes
Em 3 de agosto de 2021, David Reis abriu uma licitação para contratar serviços de locação, por um ano, de 41 veículos do tipo picapes. O aviso de licitação para o aluguel dos veículos foi publicado no Diário Oficial Eletrônico do Município (e-DOLM) no mesmo dia, mas sem justificativa para a ação. O custo anual seria de R$ 99.734,40, o que corresponde a R$ 8.311,20 por mês.
As exigências para a contratação incluíam que os veículos tivessem no máximo um ano de uso, fossem movidos a combustível renovável (etanol, gás natural veicular, biodiesel ou eletricidade), possuíssem tecnologia flex, tivessem quatro portas, motor igual ou superior a 2.4, além de ar-condicionado e direção hidráulica.
Outro requisito obrigatório era que o automóvel tivesse autorização para rodar até 5 mil quilômetros por mês, o que poderia encarecer ainda mais a contratação, uma vez que, na maioria dos casos, as empresas de locação permitem que um carro alugado rode até mil quilômetros em 30 dias.
Com a repercussão negativa do caso, a CMM suspendeu a licitação após os vereadores Rodrigo Guedes e Amom Mandel afirmarem que entrariam com uma ação contra o aluguel. A diretoria da Casa publicou um aviso sobre a suspensão do processo.
Café e açúcar com valor suspeitos
Uma suspeita de superfaturamento surgiu com a divulgação da compra de café e açúcar no valor de R$ 83,4 mil, “para atender às necessidades da Câmara Municipal de Manaus” por um período de 12 meses. Chamou a atenção tanto a quantidade de açúcar (4.200 quilos) quanto o preço (R$ 24,5 mil).
Dividindo o valor total do produto, cada quilo de açúcar foi adquirido por R$ 5,83. À época, o valor do produto nos supermercados locais poderia ser encontrado por R$ 2,75. O que significa que a CMM pagou R$ 3,08 a mais por cada quilo de açúcar.
O café, para os vereadores e funcionários, custou R$ 7,75 cada 250 gramas. Ao todo, foram comprados 7.600 pacotes do produto, totalizando um gasto de R$ 58,9 mil.
Contratos sem licitação
Os contratos firmados no primeiro ano de gestão de David Reis somaram, no mínimo, R$ 4.243.280,00 em acordos sem licitação. O maior valor contratado foi para telefonia fixa e móvel, pacote de comunicação de dados e redes em geral, ao custo de R$ 2 milhões.
Outro valor expressivo, de R$ 943.280,00, foi destinado ao contrato de serviços de manutenção e software para a rede de informática da Casa, pago à empresa Ikhon Gestão e Conhecimento em Tecnologia Ltda. A empresa foi escolhida para atender ao programa “Câmara Digital”, uma plataforma de armazenamento de dados e documentos utilizada, exclusivamente, por servidores designados.
Para a área de segurança, foram contratados R$ 500 mil para segurança privada e mais R$ 800 mil para a contratação de agentes de portaria.
A CENARIUM entrou em contato com o vereador David Reis para esclarecimentos sobre as contratações e valores, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Biênio 2025-2026
Na noite dessa quarta-feira, 1º, os vereadores da 19ª Legislatura da CMM elegeram, no plenário Adriano Jorge, a nova Mesa Diretora que conduzirá os trabalhos legislativos no biênio 2025-2026. Com 35 votos, David Reis foi escolhido como presidente, assumindo o cargo pela segunda vez.
A composição da Mesa Diretora inclui, ainda, os seguintes parlamentares: Jander Lobato como 1º vice-presidente; Raulzinho, 2º vice-presidente; Eduardo Assis, 3º vice-presidente; e Professor Samuel como secretário-geral.
Já a Secretaria da Casa será formada por Everton Assis como 1º secretário, Aldenor Lima como 2º secretário e Professora Jacqueline como 3ª secretária. Além disso, Gilmar Nascimento (Avante) ocupará o cargo de corregedor, enquanto Rosivaldo Cordovil (PSDB) assumirá como ouvidor.
Com informações da Cenarium