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- A Polícia Federal ouviu quatro aliados de Bolsonaro na terça (1º), em São Paulo e Brasília, por suspeita de obstrução.
- Depoimentos foram autorizados por Moraes após relatos de pressão sobre familiares de Mauro Cid para influenciar delação.
- Com 66,4% dos votos para Bolsonaro no Amazonas, caso pode afetar alianças e estratégias políticas em 2026.
A Polícia Federal ouviu nesta terça-feira (1º) os depoimentos de Fábio Wajngarten, Paulo Cunha Bueno, Eduardo Kuntz e Marcelo Câmara. A ação integra o inquérito que apura tentativa de obstrução de Justiça na investigação sobre uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os depoimentos foram colhidos simultaneamente em salas separadas. Wajngarten, Bueno e Kuntz falaram por videoconferência de São Paulo. Já Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, prestou depoimento presencialmente em Brasília, onde está preso.
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Depoimentos envolvem aliados de Bolsonaro
Os depoimentos foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão veio após Mauro Cid apresentar documentos com relatos da mãe, esposa e filha. Segundo eles, teriam sofrido pressão de Wajngarten e Bueno para influenciar a delação premiada do ex-ajudante de ordens.
A defesa de Cid afirma que os advogados tentaram obter informações sigilosas e promover a troca de advogados. Para Moraes, os relatos podem configurar crime de obstrução de investigação sobre organização criminosa.
Advogados negam irregularidades
Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara, também é investigado. Ele teria procurado a filha menor de Cid. Após mais de cinco horas de depoimento, Kuntz afirmou que sua atuação foi “dentro dos parâmetros legais”.
Paulo Bueno deixou a sede da PF antes das 17h, sem declarações. Wajngarten, por sua vez, falou com a imprensa e negou qualquer tentativa de interferência. Ele disse que pretende processar por calúnia quem o acusou, embora não tenha citado nomes.
Wajngarten contesta motivação política
Wajngarten afirmou que não fala com a família de Cid desde agosto de 2023. Segundo ele, o único contato com a filha do militar foi sobre um campeonato de hipismo.
“Nunca perguntei sobre delação ou depoimentos”, disse. Ele classificou a investigação como uma tentativa de afastar Bolsonaro da eleição de 2026. “Sem Bolsonaro, não há eleição democrática”, afirmou.
Repercussão no Amazonas e contexto nacional
No Amazonas, lideranças políticas acompanham com atenção os desdobramentos. O estado registrou 66,4% dos votos válidos para Bolsonaro no segundo turno de 2022, segundo o TSE. O caso pode impactar alianças locais e estratégias para 2026.
Em nível nacional, a apuração integra o inquérito sobre tentativa de golpe de Estado. A PF investiga se houve articulação para manter Bolsonaro no poder após o resultado das urnas. O caso também envolve militares e ex-ministros.
Procurada, a Polícia Federal informou que não comenta depoimentos em andamento. A defesa de Mauro Cid reforçou que os relatos das familiares foram espontâneos e documentados.
Próximos passos da investigação
O STF deve avaliar os depoimentos e decidir se inclui os advogados formalmente como investigados. Se confirmada a tentativa de obstrução, os envolvidos podem responder por crime previsto no artigo 2º da Lei 12.850/2013, com pena de até oito anos.
O caso segue sob sigilo parcial, mas novas diligências podem ser determinadas nos próximos dias. A Procuradoria-Geral da República acompanha o inquérito.