A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) participou da segunda fase do Workshop de Planejamento em Bioeconomia, promovido pela Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force). O encontro ocorreu nesta segunda-feira (06/11), em Manaus, com o objetivo de levar adiante as discussões fomentadas durante a primeira reunião, bem como adicionar novas propostas, levando em conta o cenário atual de estiagem no Amazonas.
O grupo, formado por instituições representantes do estado, da Força-Tarefa GCF, startups, indústrias, agentes, pesquisadores e técnicos ambientais, discorreu sobre os próximos passos a serem tomados, áreas prioritárias para o modelo de políticas públicas, além de questões referentes à justiça climática. Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, as populações mais vulneráveis são as que mais sofrem com os impactos ambientais.
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“A bioeconomia tem que conectar extrativismo, cadeia de floresta em pé, obviamente tem que conectar startups que possam assegurar preço justo, para que isso chegue no mercado sem concentrar a qualidade, quantidade de recursos e de lucro na mão de quem está apropriado do uso da tecnologia, sem remunerar o conhecimento tradicional associado”, afirmou.
O primeiro Workshop, ocorrido em julho, discutiu sobre o incentivo a cadeias produtivas locais, produção rural aliada à conservação ambiental, elaboração de um mapa estratégico da bioeconomia, entre outros temas. Nesta reunião, foram apresentadas novas pautas para aperfeiçoamento dos trabalhos. O Plano deve ser apresentado na 28ª Conferência das Partes (COP28), em Dubai, em novembro deste ano.
A diretora de projetos da GCF Task Force, Colleen Lyons, explicou que o plano de bioeconomia proposto ao Amazonas une políticas públicas, indústrias, tecnologia e inovação das universidades, sociedade civil e necessidades da população, abrangendo todo o estado.
“O Amazonas é o maior estado da Amazônia Legal, 96% de sua área ainda é floresta. E, se quisermos manter a natureza, precisamos de opções econômicas que se encaixem na realidade da população. É por isso que o Estado pode ser um exemplo para outros locais que procurem desenvolver a bioeconomia baseada na floresta em pé”, disse Colleen Lyons.
Segundo a diretora da Task Force, outros lugares, outros biomas, precisam trabalhar na restauração e recuperação das áreas de mata. Se no Amazonas forem encontradas ideias econômicas, isso trará esperança para outros lugares.
Enfrentamento à estiagem
Com a estiagem e as mudanças climáticas que afetam o Amazonas, foi trazida à mesa a necessidade de medidas rápidas de apoio socioeconômico às populações amazonenses. Eduardo Taveira deu destaque para a conservação das atividades econômicas de baixo impacto ambiental em desenvolvimento nas comunidades tradicionais.
“Essa é uma agenda que tem que ser compatível com as atividades econômicas que possam suportar um modelo de sustentabilidade efetiva a partir dessa valorização da floresta em pé. Se essas ações não estiverem vinculadas à melhoria efetiva da qualidade de vida de quem cuida da floresta, iremos continuar repetindo os mesmos ciclos”, declarou.
Segundo Colleen Lyons, é necessário, além das pautas já apresentadas, pensar em estratégias de mitigação da crise climática, trazendo valor econômico para a floresta em pé; e adaptação logística, para acesso a recursos alimentícios, água e insumos básicos.
“Essas duas ações juntas são muito diferentes do que começamos a trabalhar em julho. Na época, o rio estava cheio, pensávamos que o plano proposto seria uma nova oportunidade. Agora é uma necessidade, é uma crise, precisamos desenvolver opções de bioeconomia nesse momento”, completou.