O médico Farley Vinícius Alencar de Alcântara é acusado de falsificar cartão de vacinação, utilizando os dados de uma terceira pessoa. Conversas do Whatsapp entre o médico e uma enfermeira expuseram o caso. O objetivo da fraude era beneficiar a esposa do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, até então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, durante sua gestão.
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O pedido de Farley aconteceu em 25 de novembro de 2021, na mensagem os profissionais da saúde discutem a disponibilidade de um cartão de vacinação em branco. A enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves trabalhava como plantonista no Hospital Municipal de Cabeceiras, em Goiás, à época. O médico não justifica o pedido, mas recebe uma resposta negativa da enfermeira, que não tinha cartão em branco disponível na unidade de saúde no momento do pedido.
Dzirrê está registrada como responsável por aplicar a segunda dose no cartão falso de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid. A Polícia Federal apurou que 15 dias antes do diálogo de 25 de novembro, o médico havia conseguido um cartão de outra pessoa já vacinada contra a Covid-19.
A operação Venire, da qual o caso faz parte, foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Nos documentos da investigação é citado que com a dificuldade de inserir os dados no sistema de saúde do Rio de Janeiro, Farley acabou fornecendo outro cartão de vacinação para ser inserido no sistema.
Desde a última semana, a PF deflagrou mandados de prisão, busca e apreensão em Brasília e no Rio de Janeiro. A origem do documento falso de Gabriela Cid ainda não foi confirmada.
Farley está preso junto com Mauro Cid desde a quarta-feira passada (03), ele é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis e ex-integrante da equipe de Cid. A polícia aponta a prática de delito de falsidade ideológica por inserção de declaração falsa de vacinação contra o Covid-19 em documento público.
O município de Cabeceiras, onde trabalhavam Farley e Dzirrê, instaurou procedimento administrativo para averiguar a acusação de servidores envolvidos no delito. A enfermeira nega qualquer envolvimento no esquema de fraude.
Operação Venire
O nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium” − ou seja, “vir contra seus próprios atos”. Os agentes suspeitam que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura, hoje com 12 anos, teriam sido falsificados.
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio, quando a PF deflagrou a operação que apura a suposta associação criminosa de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Os aliados de Bolsonaro tinham ideologia contrária à imunização dos cidadãos na época de combate a contaminação do vírus.
Além de Cid e Farley, estão presos o PM Max Guilherme e o militar Sérgio Cordeiro, que eram da segurança presidencial na gestão Bolsonaro, e João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ). O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi alvo direto da operação. Ele teve o celular apreendido e recolhido para ser periciado na investigação.