Obra está abandonada desde 2017 e foi idealizada pelo próprio senador
Em pré-campanha ao governo do Amazonas, o senador Omar Aziz (PSD) voltou a prometer a conclusão da Cidade Universitária da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Iranduba, município da Região Metropolitana de Manaus.
Leia Mais:
A declaração foi feita nesta sexta-feira (2), durante entrevista ao programa Alô Cidade. Segundo Omar, a retomada da obra será uma de suas prioridades caso retorne ao cargo de governador.
Promessa antiga com obras paradas há oito anos
Anunciado em 2012, ainda durante seu mandato como governador, o projeto da Cidade Universitária previa a criação de um grande complexo educacional com moradia, áreas comerciais e espaços turísticos, prometendo transformar o acesso ao ensino superior no Amazonas.
No entanto, desde 2017, as obras estão completamente paradas e o local encontra-se em estado de abandono, com estruturas deterioradas e sem previsão de retomada.
Mesmo após quase uma década sem avanços, Omar Aziz continua defendendo o projeto como uma meta de longo prazo. “Os estudantes vão comer, vão estudar e não vão ter que gastar R$ 1”, declarou o senador, ressaltando que o projeto deve abrigar até 2 mil alunos.
Educação como pilar do desenvolvimento
Durante a entrevista, Omar afirmou que a Cidade Universitária deixaria um legado duradouro: “O interior não vai ser desenvolvido sem conhecimento, e conhecimento é através da educação. E não é para a minha geração”, disse. “Ninguém pode fazer uma obra dessas esperando resultado no dia seguinte. É médio a longo prazo”.
Apesar da promessa renovada, críticos apontam que a paralisação prolongada do projeto enfraquece a credibilidade do discurso. Em fiscalizações anteriores, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) apontou falhas na gestão e ausência de cronograma para a obra.
Investimento milionário sem retorno
A Cidade Universitária recebeu investimentos iniciais que ultrapassaram R$ 30 milhões, mas o projeto nunca foi finalizado. O campus principal da UEA em Iranduba seria o maior da universidade e concentraria diversos cursos superiores, reduzindo a demanda por vagas em Manaus.
Segundo a UEA, não há nenhuma definição oficial sobre a retomada do projeto. A reativação da construção depende de nova licitação e reavaliação técnica do que já foi erguido.
Contexto político e retomada do debate
Omar Aziz governou o Amazonas entre 2010 e 2014, período em que lançou o projeto da Cidade Universitária. Agora, como pré-candidato ao governo em 2026, ele resgata o tema como parte central de seu discurso de campanha.
A promessa, no entanto, enfrenta o desafio da memória do eleitorado, já que a obra é frequentemente citada como símbolo de abandono e desperdício de recursos. Em debates anteriores, opositores classificaram o projeto como um “elefante branco” do governo Aziz.
A fala recente reacende o debate sobre infraestrutura universitária e interiorização do ensino, temas recorrentes no Amazonas devido à baixa oferta de cursos superiores em municípios distantes da capital.
Interiorização do ensino superior no Amazonas
Dados do Inep mostram que menos de 15% dos municípios amazonenses possuem unidades de ensino superior. A UEA é uma das poucas instituições com presença no interior, mas enfrenta dificuldades logísticas e orçamentárias.
A proposta de uma Cidade Universitária no interior responde à demanda por estrutura, mas requer planejamento de longo prazo, alinhamento entre Governo do Estado e UEA e fiscalização de órgãos de controle.
Legado ou promessa eleitoral?
O retorno do tema em ano pré-eleitoral levanta questionamentos sobre a viabilidade real da proposta. Até o momento, não há detalhes sobre recursos disponíveis, novo cronograma ou atualização do projeto arquitetônico da obra.
A retomada da Cidade Universitária pode representar um marco no desenvolvimento educacional do Amazonas, mas para isso, precisa sair do papel e superar os entraves que marcaram sua trajetória até aqui.