O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu nesta quinta-feira (22) novas testemunhas no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Entre os depoentes, destacaram-se nomes ligados às Forças Armadas que defenderam o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
De acordo com a defesa, Cid não tinha envolvimento político e apenas seguia ordens superiores. O militar é um dos oito réus do chamado “núcleo 1” da investigação, que também inclui o ex-presidente Bolsonaro.
Defesa reforça ausência de motivação política
O general Edson Dieh Ripoli afirmou que Mauro Cid “cumpria rigorosamente as missões” e não demonstrava interesse político. Já o ex-comandante do Exército, general Júlio Cezar Arruda, declarou que nunca discutiu política com Cid e destacou sua conduta profissional.
O coronel Raphael Monteiro, outra testemunha, relatou que Cid ficou profundamente incomodado com a associação de militares aos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, o tenente-coronel se abalou emocionalmente com o avanço das investigações.
Repercussão nacional e impacto regional
O caso repercute em todo o Brasil, incluindo o Amazonas, onde a atuação das Forças Armadas tem forte presença institucional. A região Norte concentra unidades estratégicas do Exército, como o Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus.
Segundo dados do Ministério da Defesa, o Amazonas abriga cerca de 10% do efetivo do Exército Brasileiro. A investigação sobre militares envolvidos em atos antidemocráticos levanta preocupações sobre a imagem das Forças Armadas na região.
STF ouve 82 testemunhas no processo
O inquérito conduzido pelo STF inclui 82 testemunhas. O objetivo é apurar se houve articulação para impedir a posse de Lula após sua vitória nas eleições de 2022. O processo analisa ações de militares, ex-ministros e aliados de Bolsonaro.
De acordo com a página oficial do STF, a investigação segue em sigilo parcial. A expectativa é que os depoimentos ajudem a esclarecer o nível de envolvimento de cada réu.
Posicionamento político em debate
A defesa de Mauro Cid sustenta que ele não era politizado. Para os advogados, o militar apenas cumpria ordens hierárquicas, sem questionar o conteúdo político das ações. Essa linha de argumentação busca afastar Cid da acusação de conspiração.
O caso também reacende o debate sobre a neutralidade das Forças Armadas no processo democrático. Em estados como o Amazonas, onde a presença militar é relevante, a discussão ganha dimensão local e nacional.