A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou uma audiência no Senado após declarações ofensivas do senador Plínio Valério (PSDB-AM). O episódio ocorreu na Comissão de Serviços de Infraestrutura, durante debate sobre políticas ambientais no Norte do país.
Ao pedir a palavra, Plínio afirmou que “a mulher merece respeito, a ministra, não”. Marina respondeu que estava ali como ministra, não por ser mulher, e deixou a sessão acompanhada de sua equipe.
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Conflito em audiência sobre o meio ambiente no Amapá
A audiência discutia a criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá. Também estavam em pauta a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental (PL 2.159/2021) e a extensão da rodovia BR-319.
Marina Silva reforçou que o convite foi institucional. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) saiu em sua defesa: “Manifestação de desrespeito é inaceitável”.
Ministra cobra respeito e reafirma compromisso institucional
Após o episódio, Marina se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ela afirmou que não aceitará ser desrespeitada por sua origem ou gênero.
“O meu lugar é a defesa da democracia, do meio ambiente, da infraestrutura sustentável”, disse a ministra. Marina também relatou que solicitou um pedido de desculpas ao senador, mas não foi atendida.
Histórico de ataques e tensão política no Amazonas
Plínio Valério já havia feito ataques à ministra em evento anterior no Amazonas. Na ocasião, afirmou: “Imagine tolerar Marina seis horas sem enforcá-la”.
O episódio atual reacende tensões entre setores políticos do Amazonas e o governo federal. A região tem forte dependência econômica de atividades como mineração e exploração de petróleo.
Licenciamento ambiental e desenvolvimento regional
O senador Omar Aziz (PSD-AM) também criticou Marina durante a audiência. Ele atribuiu à ministra a responsabilidade por entraves no licenciamento ambiental.
Marina rebateu: “O licenciamento é conquista da sociedade. Só o povo pode evitar o desmonte.” O debate reflete a disputa entre conservação ambiental e interesses econômicos na Amazônia.
Segundo o Ibama, o licenciamento é essencial para avaliar impactos de grandes obras. A flexibilização do PL 2.159/2021 preocupa ambientalistas e especialistas.
Contexto político e ambiental no Brasil
O embate evidencia o desafio do governo em equilibrar desenvolvimento e sustentabilidade. A região amazônica é estratégica para o Brasil, mas enfrenta pressões por infraestrutura e exploração de recursos.
Segundo dados do INPE, o desmatamento na Amazônia caiu 42% em 2023. Ainda assim, propostas legislativas podem comprometer avanços.
O caso expõe como o debate ambiental no Brasil segue polarizado, especialmente quando envolve interesses regionais e disputas partidárias.