Governo federal usa estrutura ministerial para recuperar apoio no Norte
A visita do ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), ao Amazonas nesta segunda-feira (5) sinalizou o início de uma estratégia do presidente Lula (PT) para recuperar espaço eleitoral no estado, mirando as eleições de 2026.
Com a assinatura de projetos e anúncios de recursos em áreas como habitação popular e infraestrutura urbana, o governo busca retomar a presença institucional no Norte, região onde Lula teve desempenho abaixo da média nacional em 2022, especialmente no Amazonas.
Lula joga no AM o jogo das obras que Bolsonaro não jogou
Ao contrário do que ocorreu na campanha de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, Lula já começa a ativar uma estratégia eleitoral que passa pela presença física de obras federais no estado. Bolsonaro, apesar de popular no eleitorado amazonense, não entregou obras estruturantes com sua assinatura durante o mandato.
Agora, Lula tenta preencher esse vácuo com a retomada de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o anúncio de investimentos em saneamento, mobilidade e regularização fundiária, especialmente na capital Manaus e em municípios do interior.
Visita ministerial marca alinhamento político com lideranças locais
Jader Filho, que também é dirigente nacional do MDB, reforçou em sua passagem pelo estado a intenção do governo de manter canais abertos com a bancada amazonense no Congresso e com lideranças municipais. A visita contou com a presença de deputados federais e estaduais, além de prefeitos de diversas regiões do Amazonas.
A iniciativa busca alinhar obras federais a apoios políticos, costurando alianças regionais para o projeto de reeleição de Lula. O gesto é visto por analistas como um sinal antecipado da construção do palanque lulista no estado.
Amazonas no foco da retomada de programas sociais e obras
Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem direcionado atenção à região amazônica, tanto por questões ambientais quanto por razões eleitorais. A reativação de programas federais interrompidos ou esvaziados na gestão anterior é uma das apostas para reconstruir sua base no Norte.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Amazonas enfrenta déficits históricos em moradia e infraestrutura urbana. O governo pretende lançar, ainda neste semestre, novos lotes de habitações do Minha Casa, Minha Vida no estado, priorizando municípios com alta vulnerabilidade social.
Obras como vitrine eleitoral antecipada
A estratégia de uso político das obras públicas tem sido recorrente em governos anteriores. No caso de Lula, trata-se de uma tentativa de converter o investimento federal em capital eleitoral antecipado, especialmente em regiões onde seu apoio foi menor nas urnas.
Em 2022, Lula perdeu para Bolsonaro no Amazonas no segundo turno, com 42,2% dos votos válidos contra 57,8% do adversário. O desempenho ruim acendeu um alerta na articulação política petista, que agora trabalha para reverter esse cenário em 2026.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro no estado tentam manter a base mobilizada e reforçam a ausência de entregas concretas do atual governo como ponto de crítica. A disputa por obras e investimentos pode se tornar um dos eixos da polarização regional nos próximos anos.
Infraestrutura, habitação e mobilidade são prioridades
Entre os anúncios feitos por Jader Filho, destacam-se projetos de urbanização em áreas de risco, ampliação de saneamento básico e retomada de empreendimentos habitacionais paralisados. Segundo o ministério, as primeiras entregas estão previstas para o segundo semestre de 2025.
Também está em estudo a inclusão de cidades amazonenses em editais do novo PAC, com foco em obras estruturantes. A ideia é garantir visibilidade às ações federais em um estado marcado por dificuldades logísticas e gargalos históricos de infraestrutura.
