O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu a condenação de sete acusados pelo incêndio no Ninho do Urubu. A tragédia ocorreu em 8 de fevereiro de 2019, no centro de treinamento do Flamengo. Dez adolescentes morreram e três ficaram feridos no alojamento atingido pelas chamas.
O pedido foi feito à 36ª Vara Criminal da Capital após mais de três anos de instrução criminal. O processo incluiu a oitiva de mais de 40 testemunhas e análise técnica dos contêineres usados como dormitório.
Leia Mais:
Incêndio no Ninho do Urubu: falhas estruturais e gestão negligente
Segundo o MPRJ, o CT funcionava sem alvará e sem certificado do Corpo de Bombeiros. O local já havia sido interditado e multado por irregularidades. Mesmo assim, continuou operando em situação considerada clandestina.
A promotoria apontou falhas elétricas e ausência de manutenção preventiva nos aparelhos de ar-condicionado. O responsável técnico contratado também foi incluído entre os acusados.
Contêineres inadequados agravaram a tragédia
Os contêineres usados como alojamento apresentavam graves falhas de segurança. As portas de correr emperraram durante o incêndio. Havia apenas uma saída, distante do quarto onde os jovens morreram.
O material usado nas estruturas era inflamável e não tinha tratamento antichamas. Segundo a perícia, isso acelerou a propagação do fogo e dificultou o resgate das vítimas.
Sete acusados vão a julgamento
Dos 11 denunciados inicialmente, quatro foram excluídos do processo. Os sete que seguem como réus ocupavam cargos de gestão ou prestavam serviços diretos ao CT.
Entre eles estão Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia de Sá, ligados à administração do centro. Também foram denunciados os responsáveis pelos contêineres e pela manutenção dos aparelhos.
Reflexos no cenário nacional e no Amazonas
A tragédia gerou debates sobre segurança em centros de formação esportiva no Brasil. Estados como o Amazonas reforçaram a fiscalização em estruturas similares. A legislação de prevenção a incêndios ganhou atenção em todo o país.
Segundo dados da ABNT, muitos alojamentos ainda operam sem seguir normas técnicas. O caso do Flamengo expôs a necessidade de políticas públicas mais rigorosas para proteger jovens atletas.
Ministério Público busca resposta penal proporcional
O MPRJ afirmou que o conjunto de provas confirma a responsabilidade dos acusados. Para o órgão, a condenação representa uma resposta penal esperada pela sociedade.
O processo segue na Justiça do Rio de Janeiro. A decisão final poderá influenciar outras ações judiciais semelhantes no Brasil.