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- O general Mário Fernandes foi interrogado pelo STF em 24 de maio como réu do núcleo 2 da trama golpista.
- Ele confirmou ter mandado imprimir no Planalto o documento “Punhal Verde e Amarelo”, com plano contra autoridades.
- Segundo a PGR, o militar investigado atuava como elo entre acampamentos e o governo Bolsonaro.
- O julgamento do núcleo 2, que inclui o general Mário Fernandes, está previsto para o segundo semestre de 2024.
O general Mário Fernandes afirmou ao STF que visitou o acampamento golpista em Brasília como “cidadão”, e não como militar ou representante do governo Bolsonaro.
Preso desde novembro de 2023, o general foi interrogado nesta quinta-feira (24) como réu do núcleo 2 da trama golpista investigada pelo Supremo Tribunal Federal. A audiência ocorreu por videoconferência e integra uma das últimas fases do processo.
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General confirma visitas ao QG do Exército
Durante o depoimento, Fernandes admitiu ter ido algumas vezes ao acampamento montado em frente ao quartel do Exército em Brasília. Segundo ele, as visitas foram motivadas por interesse cívico.
“As vezes que eu fui no QG, fui como cidadão, vendo que era importante para o brasileiro apresentar suas demandas sociais e políticas”, declarou.
Acampamento não era totalmente golpista, diz general
O militar também defendeu os manifestantes que participaram dos protestos. Para ele, nem todos os presentes tinham intenção de golpe.
“Chamar as pessoas que tiveram no 8 de janeiro como golpistas, eu posso até aceitar. Todos eles? Ali foram só alguns. Os que estavam na frente dos quartéis do Exército, eles entraram lá por vários motivos, até mesmo pelo festejo de reunirem patriotas.”
Documento “Punhal Verde e Amarelo” foi impresso no Planalto
Fernandes confirmou que determinou a impressão do arquivo intitulado “Punhal Verde e Amarelo” em impressora do Palácio do Planalto. O documento, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), detalhava um plano de sequestro ou assassinato de autoridades como Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin.
O general alegou que o texto era pessoal e destinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então comandado por Augusto Heleno, também réu no processo.
“A determinação foi minha ao meu chefe de gabinete, o Reginaldo Vieira de Abreu, que emitisse seis cópias. O objetivo delas era apresentar ao GSI, que, doutrinariamente, era responsável pela montagem do gabinete de crise.”
Qual o papel de Mário Fernandes na trama golpista?
De acordo com a PGR, o general atuava como elo entre os acampamentos e o governo Bolsonaro. Ele ocupava o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e teria colaborado com a elaboração de estratégias para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
O núcleo 2 da denúncia inclui militares e civis acusados de planejar ações antidemocráticas. O julgamento deve ocorrer no segundo semestre de 2024.
Três fases do processo no STF
O processo da trama golpista foi dividido em quatro núcleos. O núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, já passou pela fase de interrogatórios e está nas alegações finais. O julgamento está previsto para setembro.
O núcleo 2, do qual Mário Fernandes faz parte, está na fase de depoimentos. Os demais núcleos envolvem operadores logísticos e financiadores dos atos golpistas.