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- Embaixador André Chermont afirmou ao STF, em 21 de agosto, que Filipe Martins não estava na lista final do voo presidencial.
- Documentos da PF indicavam presença de Martins, mas foram contrariados por depoimentos e ausência de registros oficiais.
- Martins foi preso em fevereiro por suspeita de fuga e falsificação de documentos, mas solto em agosto com restrições.
- A defesa do ex-assessor de Bolsonaro contesta provas e acusa a PF de induzir o STF ao erro.
O embaixador André Chermont, cônsul-geral do Brasil em Tóquio, afirmou nesta segunda-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, não embarcou para os Estados Unidos no voo presidencial de 30 de dezembro de 2022. O depoimento ocorreu no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Segundo Chermont, Martins não constava na lista final de passageiros e não era esperado no avião. A declaração reforça a versão da defesa do ex-assessor, que nega qualquer plano de fuga do país.
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Embaixador confirma ausência de Martins no voo presidencial
Durante o depoimento, o embaixador foi categórico: “Não viajou, isso confirmo”. Ele também disse que Filipe Martins não esteve na base aérea no dia da decolagem. A fala vai de encontro a documentos obtidos pela Polícia Federal (PF) na nuvem de dados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que indicavam a presença de Martins na lista de passageiros.
O nome de Martins constava em uma lista preliminar, mas não foi incluído na versão final, segundo Chermont e o próprio Cid, que também prestou depoimento ao STF. A ausência de registros oficiais de entrada ou saída do país por parte de Martins foi usada como argumento pela PF para pedir sua prisão preventiva.
Prisão e acusações contra Filipe Martins
Em fevereiro de 2024, Martins foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre a tentativa de golpe. A PF apontou risco de fuga e uso de documentos possivelmente falsificados como justificativa. Ele foi solto em agosto, mas segue sob medidas cautelares, como proibição de uso de redes sociais.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Martins de integrar o “núcleo 2” da trama golpista, responsável por elaborar uma minuta de decreto para reverter o resultado das eleições de 2022. A defesa nega qualquer envolvimento e afirma que a prisão foi baseada em provas frágeis e informações distorcidas.
Defesa contesta provas e fala em erro da PF
Os advogados de Martins alegam que a PF induziu o STF ao erro ao apresentar um suposto registro de entrada do ex-assessor nos EUA, que, segundo eles, teria sido forjado. A defesa também questiona a legalidade da obtenção desses dados e pede a anulação da prisão preventiva.
O caso levanta debates sobre a condução das investigações e o uso de provas digitais. O episódio é frequentemente citado por apoiadores de Bolsonaro como indício de possíveis excessos da PF e do Judiciário.
Contexto político e repercussão no Amazonas
No Amazonas, onde o bolsonarismo mantém base significativa, o caso repercute entre aliados e opositores do ex-presidente. Parlamentares locais têm se dividido entre críticas à atuação da PF e apoio às investigações do STF. O tema também mobiliza discussões sobre o papel das instituições na defesa da democracia.
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