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- Fernando Haddad participou de audiência na Câmara nesta terça, encerrada após tumulto entre deputados por críticas à política fiscal.
- O ministro da Fazenda citou perdas de R$ 30 bilhões com ICMS e criticou privatização da Eletrobras abaixo do valor de mercado.
- Estados como o Amazonas podem ser afetados por mudanças no IOF, impactando empregos e repasses federais essenciais.
A audiência pública com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Câmara dos Deputados, foi encerrada antes do previsto após confusão entre parlamentares. O encontro, que durou quase três horas, discutia as medidas de compensação ao aumento do IOF. A sessão, realizada pelas Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira, terminou sem consenso.
Deputados da oposição interromperam a audiência após divergências com Haddad. As críticas focaram no déficit fiscal e na condução da política econômica do governo federal.
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Debate sobre contas públicas gera tumulto
Na segunda rodada de perguntas, os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ) acusaram o governo de aumentar gastos sem cobrir o rombo fiscal. Antes da resposta do ministro, ambos deixaram o plenário. Haddad reagiu chamando a atitude de “molecagem” e criticou a ausência dos parlamentares no debate.
“Fazem perguntas e saem do plenário. Isso não contribui para o diálogo democrático”, afirmou o ministro.
Conflito entre deputados encerra sessão
Na terceira rodada, Jordy retornou e exigiu direito de resposta. Ele respondeu com ataques pessoais ao ministro, gerando tensão no plenário. Nikolas também tentou se manifestar, mas teve a fala negada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que presidia a audiência.
O impasse provocou um bate-boca entre parlamentares da base e da oposição. Sem acordo, Correia encerrou a sessão. O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que falaria em seguida, não conseguiu apresentar sua pergunta.
Haddad defende medidas fiscais e critica governo anterior
Haddad rebateu as críticas sobre o déficit e destacou ações do governo. Segundo ele, o superávit de R$ 54,1 bilhões em 2022 foi obtido com atraso no pagamento de precatórios e a privatização da Eletrobras por valor abaixo do mercado.
O ministro também mencionou a perda de R$ 30 bilhões com a redução do ICMS sobre combustíveis. Esse valor foi compensado aos estados em 2023. O Amazonas, por exemplo, recebeu recursos para equilibrar as finanças estaduais, conforme dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
Impacto no Amazonas e contexto nacional
O debate sobre compensações fiscais impacta diretamente estados como o Amazonas, que depende de repasses federais para manter serviços essenciais. A Zona Franca de Manaus, beneficiada por incentivos fiscais, pode ser afetada por mudanças no IOF e no ICMS.
Segundo dados da Suframa, o modelo econômico da região responde por mais de 400 mil empregos diretos e indiretos. Alterações fiscais podem comprometer a competitividade da indústria local e o equilíbrio fiscal estadual.
O encerramento da audiência sem consenso mostra a polarização política em Brasília. A discussão sobre responsabilidade fiscal deve continuar nas próximas semanas, com impacto direto na tramitação de propostas no Congresso.