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- EUA retiraram tarifaço de 40% sobre produtos brasileiros como carne e café em 20 de novembro, após negociações entre Trump e Lula.
- A medida vale para importações desde 13 de novembro e beneficia agronegócio, mas mantém taxação sobre manufaturados e calçados.
- Exportadores celebram decisão que estabiliza mercado de café e carne, principais produtos afetados pelo tarifaço desde julho de 2025.
Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira (20) a retirada do tarifaço de 40% sobre diversos produtos brasileiros, como carne bovina e café. A decisão, publicada pela Casa Branca, aconteceu uma semana após o governo de Donald Trump suspender a taxa de reciprocidade de 10% sobre 200 mercadorias impostas a diversos países.
Os anúncios trouxeram alívio para o agronegócio brasileiro. No entanto, a indústria segue afetada, pois produtos manufaturados como máquinas e calçados permanecem com taxa de 40%.
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Produtos beneficiados e tarifados
Produtos com tarifaço de 40%: máquinas, motores, calçados, café solúvel, pescados e mel. Produtos sem tarifaço: carne bovina (todas as categorias), café verde e torrado, frutas frescas e processadas (laranja, abacaxi, banana, manga, açaí), cacau e derivados, especiarias, raízes e tubérculos (mandioca), sucos e polpas de frutas, além de fertilizantes.
Negociações diplomáticas entre Brasil e EUA
A retirada da tarifa de 40% vale para produtos que chegaram aos Estados Unidos a partir de 13 de novembro. A data coincide com reunião entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, quando o tema foi discutido.
Diferentemente da ordem executiva anterior, que era global, a decisão de quinta se aplica somente ao Brasil. Na ordem executiva, Trump cita conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de outubro, e afirma que a retirada é resultado das negociações entre os dois governos.
“Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento”, diz Trump no documento oficial.
Governo brasileiro celebra decisão
O governo brasileiro comemorou a retirada da tarifa. O presidente Lula afirmou estar “muito feliz porque o presidente Trump começou a reduzir a taxação de alguns produtos brasileiros”. “Essas coisas vão acontecer à medida que a gente conversa”, declarou.
Lula acrescentou que seguirá buscando “diálogo e racionalidade” para eliminar as demais tarifas ainda aplicadas aos produtos brasileiros. Para o Itamaraty, a decisão representa um avanço importante, especialmente por mencionar as negociações com o Brasil e por ter data retroativa.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou que a medida é uma “excelente notícia”. Segundo ele, o Brasil volta a competir em condições equilibradas no mercado americano, o que ajuda a estabilizar preços.
Alívio para exportadores de café e carne
A retirada de taxas sobre café e carne representa alívio significativo para exportadores brasileiros. Os Estados Unidos são o principal comprador de café do Brasil e respondem por cerca de 16% das exportações totais do produto.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as importações americanas caíram pela metade entre agosto e outubro, na comparação com 2024, por causa do tarifaço. O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, disse que a decisão é resultado de “um trabalho muito intenso”.
“Para nós, é um momento de celebração, um presente de Natal antecipado. Vamos concorrer com nossa sustentabilidade e competitividade em pé de igualdade, como a gente sempre quis”, afirmou Matos.
No caso da carne, os EUA eram o segundo maior comprador do produto brasileiro antes do tarifaço, importando 12% de todo o volume exportado. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a decisão americana.
Segundo a Abiec, “a reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”.

Críticas de Eduardo Bolsonaro
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, na quinta-feira (20), que a redução parcial das tarifas impostas pelos Estados Unidos não tem relação com a atuação diplomática do governo brasileiro. Segundo ele, a medida atende exclusivamente a interesses internos da administração Trump.
“É preciso ser claro: a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito na retirada parcial dessas tarifas de hoje. Assim como beneficiou outros países, a decisão dos EUA decorreu apenas de fatores internos, especialmente a necessidade de conter a inflação americana em setores dependentes de insumos estrangeiros”, disse em texto publicado na rede social X.
Para Eduardo Bolsonaro, a redução é liderada pelo interesse de Trump em “entregar resultados rápidos para que a população sinta a redução da inflação antes das urnas”, com referência às eleições legislativas americanas de 2026.
Crítica ao ministro Alexandre de Moraes
Eduardo ainda responsabilizou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pela tarifa de 50% aplicada pelos EUA contra exportações brasileiras. O deputado nomeou a taxa de “tarifa-Moraes”, por, segundo ele, ser resposta à “crise institucional causada pelo ministro”.
“A tarifa-Moraes de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros é consequência direta da crise institucional causada pelo ministro Alexandre de Moraes, cujos abusos já preocupam o mundo e afetam a confiança internacional no Brasil”, afirmou Eduardo Bolsonaro.
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