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- Mauro Cid confirmou no STF, em 24 de setembro, sua delação sobre articulação golpista no governo Bolsonaro.
- Braga Netto, preso desde 2023, foi confrontado na acareação e nega envolvimento no plano de golpe de Estado.
- A delação Mauro Cid é central na denúncia da PGR e pode impactar a base eleitoral de Bolsonaro no Amazonas.
O tenente-coronel Mauro Cid confirmou nesta terça-feira (24), no Supremo Tribunal Federal (STF), as declarações feitas em sua delação premiada. Segundo ele, houve uma articulação golpista durante o governo de Jair Bolsonaro. O objetivo seria manter o ex-presidente no poder após a derrota eleitoral de 2022.
Durante a acareação com o general Walter Braga Netto, ambos reafirmaram suas versões. O procedimento foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
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STF realiza acareação entre militares acusados de golpe
A audiência durou mais de 1h30 e ocorreu a portas fechadas. O STF, no entanto, divulgou a ata da sessão. Estavam presentes os advogados dos réus, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e defensores dos demais acusados, incluindo a equipe de Jair Bolsonaro.
Braga Netto está preso desde dezembro de 2023. Ele é acusado de tentar obstruir as investigações e acessar informações sigilosas da delação de Cid. A defesa do general solicitou a acareação para confrontar as declarações do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Segunda acareação envolve ex-ministro da Justiça
Logo após, o STF realizou uma segunda acareação. Participaram Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A defesa de Torres pediu a audiência para esclarecer divergências nos depoimentos.
Freire Gomes não é réu, mas é testemunha-chave no processo. A audiência durou cerca de uma hora e também foi acompanhada por advogados e representantes da Procuradoria-Geral da República.
Impacto político e reflexos no Amazonas
A confirmação da delação por Cid fortalece a acusação de tentativa de golpe. O caso tem implicações diretas no debate político nacional e afeta o cenário no Amazonas. Deputados federais do estado, como Amom Mandel (Cidadania-AM), têm cobrado transparência nas investigações.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro teve 61,9% dos votos no Amazonas no segundo turno de 2022. A repercussão do caso pode influenciar a base eleitoral local e o posicionamento de lideranças regionais.
O processo no STF envolve oito réus, incluindo Bolsonaro. As acusações incluem tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa. A delação de Mauro Cid é peça central na denúncia apresentada pela PGR.
As próximas etapas do processo devem incluir novas oitivas e análise de provas documentais. O julgamento ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer ainda em 2024.