O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil tem uma dívida histórica com a África. Segundo ele, essa dívida pode ser paga com solidariedade, transferência de tecnologia e apoio ao desenvolvimento agrícola. A declaração foi feita durante a abertura do 2º Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, realizado em Brasília.
Lula destacou que o país explorou o continente africano por mais de três séculos. “Não podemos pagar isso em dinheiro. Podemos pagar com conhecimento e cooperação”, disse o presidente a ministros da agricultura da União Africana.
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Cooperação Brasil-África no combate à fome
O evento, que ocorre até 22 de fevereiro, reúne mais de 40 delegações africanas. Participam também representantes de organismos internacionais, bancos de desenvolvimento e instituições de pesquisa. O objetivo é fortalecer parcerias sustentáveis e ampliar a segurança alimentar.
Durante o discurso, Lula mencionou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, aprovada durante a presidência brasileira no G20. Para ele, a fome é consequência da má gestão pública. “Falta vontade política para priorizar a alimentação”, afirmou.
Amazonas e a agricultura familiar
No contexto regional, o Amazonas pode se beneficiar da troca de experiências com países africanos. O estado possui grande potencial em agricultura familiar sustentável e biotecnologia. Segundo o governo do Amazonas, mais de 70% dos alimentos consumidos localmente vêm da agricultura familiar.
A cooperação internacional pode impulsionar práticas agrícolas adaptadas à floresta. Projetos como o Idam e o uso de bioinsumos estão alinhados às diretrizes do evento. A troca de tecnologias com a África pode fortalecer a produção e combater a insegurança alimentar na região.
Investimentos e políticas públicas
O encontro também busca identificar oportunidades de investimento no setor agropecuário. A programação inclui visitas a projetos em Brasília e em Petrolina, no Vale do São Francisco. Os temas abordam desde reuso de água até fruticultura tropicalizada.
Essas iniciativas podem servir de modelo para o Norte do Brasil. O Amazonas enfrenta desafios logísticos e climáticos, mas possui biodiversidade e conhecimento tradicional. A integração de políticas públicas eficazes pode garantir segurança alimentar e geração de renda.
Brasil como liderança global
Representantes africanos reconheceram o papel do Brasil no combate à fome. A experiência brasileira em programas como o Fome Zero e o Bolsa Família é vista como referência internacional.
Lula reforçou que a cooperação Sul-Sul é estratégica. “Precisamos parar com discursos e agir com programas concretos”, concluiu. A expectativa é que o diálogo gere acordos práticos e duradouros entre o Brasil e os países africanos.