O Cemitério Indígena de Manaus será entregue no Dia do Índio, próxima terça-feira (19).
O local, totalmente voltado às tradições indígenas, ficará localizado no cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Tarumã, zona Oeste.
Serão cinco módulos de sepulturas verticais em gavetas, um portal de entrada exclusivo, ocas cerimoniais, jardins de ervas e decoração com grafismo indígena.
O cemitério indígena tem 216 gavetas em cada um dos cinco módulos, totalizando 1.080 espaços no campo-santo.
A preparação das ocas, o jardim e a pintura do grafismo estão sendo realizados pela Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).
“O cemitério tem uma grande importância para as etnias aqui em Manaus. É o único cemitério nesta modalidade no Brasil. Isso terá um impacto positivo em nível nacional e até internacional. Atualmente os indígenas estão realizando suas artes em cada bloco”, destacou Altervi Moreira, titular da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp).
A parte da pintura está 80% concluída. E nestes últimos dias serão construídas as malocas para realizar velório e dança, conforme a cultura de cada etnia.
Reconhecimento
O diretor-presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, destacou que esta é uma reparação histórica como forma de reconhecer os primeiros habitantes de nossa cidade.
“Estamos entregando mais um importante projeto para os povos indígenas de nossa cidade, fruto de um trabalho integrado de diversas secretarias com o aval do prefeito David Almeida”, disse.
O presidente do Concultura, Tenório Telles, relembrou que as movimentações em torno do cemitério indígena de Manaus surgiram no início da gestão do prefeito David Almeida, ocasião em que ele foi procurado por um grupo de indígenas que apresentaram suas pautas e reinvindicações.
“Entre elas estava o anseio por um reconhecimento e acolhimento da memória das populações indígenas que vivem na cidade de Manaus”, contou.
Memorial Indígena
Os Indígenas de Manaus conseguiram resgatar em 2021 o território sagrado com a criação do memorial Indígena de Manaus, inaugurado pelo prefeito David Almeida com o histórico pedido de perdão pela indiferença e invisibilidade a que foram submetidos os povos indígenas desde os primórdios da cidade de Manaus.
A praça Dom Pedro II, localizada no centro histórico da capital amazonense, teve reconhecida sua necrópole dos povos ancestrais no Dia do Índio, 19 de abril, com ainauguração do Memorial Aldeia da Memória Indígena de Manaus.
O projeto foi reivindicado pelas populações indígenas em honra dos povos tradicionais que ali habitavam há mais de 800 anos, muito antes da presença de europeus em 1542, data do primeiro massacre da expedição espanhola comandada por Francisco Orellana.