Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos e 8 meses de prisão. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (14), no julgamento virtual encerrado hoje. A parlamentar foi considerada culpada por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. O hacker Walter Delgatti Neto executou a ação, criando um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
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Condenação no STF e impacto político
Todos os ministros da Primeira Turma — Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia — votaram pela condenação. O relator, Moraes, destacou o uso político da invasão e o risco institucional gerado.
Além da pena de prisão, Zambelli foi condenada à perda do mandato, após o trânsito em julgado, e ao pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos, valor a ser dividido com Delgatti, condenado a 8 anos e 3 meses.
Repercussão no Congresso e no Amazonas
Com base na Lei da Ficha Limpa, a condenação pode inviabilizar futuras candidaturas de Zambelli. No Amazonas, parlamentares da base governista reforçaram a importância da responsabilização de agentes públicos.
O deputado federal José Ricardo (PT-AM) afirmou que o caso serve de alerta sobre o uso indevido de tecnologia na política. Já oposicionistas criticaram o julgamento virtual.
Defesa questiona julgamento virtual
Em nota, a defesa de Zambelli disse que a condenação é “absolutamente injusta” e que não houve “provas irrefutáveis”. Os advogados também contestaram o julgamento em ambiente virtual, sem sustentação oral.
O STF permite julgamentos virtuais em casos penais, conforme previsto no regimento interno. A defesa pode recorrer da decisão.
Outros processos e contexto eleitoral
Zambelli também responde a outro processo no STF. Em agosto de 2023, virou ré por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, após perseguir o jornalista Luan Araújo em São Paulo, durante o segundo turno das eleições de 2022.
O julgamento já conta com 6 votos pela condenação a 5 anos e 3 meses em regime semiaberto. Um pedido de vista do ministro Nunes Marques suspendeu a conclusão.
Reflexos para 2026 e o cenário nacional
A condenação de Zambelli ocorre em meio à reorganização da direita para as eleições de 2026. No Amazonas, líderes locais observam o impacto da decisão sobre alianças nacionais e estratégias regionais.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL teve 14,7% dos votos válidos no Amazonas em 2022. A inelegibilidade de figuras nacionais pode afetar a base bolsonarista no estado.