Brics discute alternativas ao dólar, afirma Lula em entrevista

Presidente defende comércio em moedas locais e critica dependência do dólar em meio a embate com Trump.

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  • Lula afirmou que o Brics seguirá debatendo alternativas ao dólar em entrevistas concedidas na quinta-feira (10).
  • O bloco representa metade da população mundial e cerca de 30% do PIB global, segundo o presidente.
  • Trump impôs tarifa de 50% a produtos brasileiros, o que Lula relaciona ao protagonismo do Brics.
  • STF suspendeu decretos sobre o IOF e convocou audiência entre governo e Congresso para resolver impasse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brics continuará discutindo alternativas ao dólar para fortalecer as relações comerciais. As afirmações ocorreram na noite desta quinta-feira (10) em entrevistas a canais de televisão. O contexto é a recente tensão com os Estados Unidos, após o presidente Donald Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados.

Brics: um fórum global influente

Durante entrevista ao Jornal Nacional, Lula destacou a importância do Brics, que representa metade da população mundial e cerca de 30% do PIB global. O presidente ressaltou que 10 países do Brics, incluindo o Brasil, fazem parte do G20, do qual os EUA também participam.

“O Brics é um fórum que ocupa metade da população mundial e quase 30% do PIB mundial. E 10 países do Brics participam do G20 [incluindo o Brasil], onde o senhor Trump participa [pelos EUA]”, afirmou Lula.

Independência comercial e moeda própria

Lula enfatizou o desejo de independência nas políticas comerciais, mencionando a possibilidade de criar uma moeda própria ou utilizar as moedas nacionais para transações, evitando o dólar.

“Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar”, acrescentou Lula.

Impacto das ações de Trump

Em entrevista ao Jornal da Record, Lula criticou a ação de Trump contra o Brasil, interpretando-a como uma reação ao protagonismo do Brics. Ele destacou que as relações comerciais poderiam ser realizadas em moedas locais, sem a necessidade de lastreamento pelo dólar.

“Eu não sou obrigado a comprar dólar para fazer relação comercial com a Venezuela, com a Bolívia, com o Chile, com a Suécia, com a União Europeia, com a China. A gente pode fazer nas nossas moedas. Por que eu sou obrigado a ficar lastreado pelo dólar, que eu não controlo? Quem tem uma máquina de produzir dólar são os EUA, não nós”, criticou.

Manutenção do IOF e impasse no STF

Lula também anunciou a intenção de manter o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), apesar de um corte projetado de R$ 10 bilhões em despesas. Ele afirmou que as emendas parlamentares também seriam afetadas.

“O deputado sabe que, se eu tiver que cortar R$ 10 bilhões, eu vou cortar das emendas dele também. Como eles sabem e eu sei, é importante a gente chegar num ponto de acordo. Eu posso antecipar para você: eu vou manter o IOF. Se tiver um item no IOF que esteja errado, a gente tira aquele item, mas o IOF vai continuar”, declarou o presidente.

O Supremo Tribunal Federal (STF), através do ministro Alexandre de Moraes, suspendeu decretos do Executivo que elevam o IOF, assim como o decreto do Congresso que derruba essa medida. Moraes determinou uma audiência de conciliação entre o governo federal e o Congresso Nacional para resolver o impasse.

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