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- Fernando Haddad afirmou que o Brasil não sairá da mesa de negociação com EUA, nesta sexta-feira (21), em Brasília.
- O novo tarifaço de 50% pode entrar em vigor em 1º de agosto e afetar setores estratégicos.
- Governo prepara planos de contingência com lei da reciprocidade e crédito, sem aumentar gasto público.
- Brasil não sairá da mesa de negociação com EUA mesmo sem resposta formal às cartas enviadas a Washington.
Fernando Haddad afirmou nesta sexta-feira (21) que o Brasil não sairá da mesa de negociação com os Estados Unidos, mesmo diante da possibilidade de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A declaração foi dada em entrevista à Rádio CBN, em meio à tensão comercial provocada por um plano do ex-presidente americano Donald Trump.
Segundo o ministro da Fazenda, o governo brasileiro mantém diálogo aberto, apesar da ausência de resposta a duas cartas enviadas a Washington. O novo imposto pode entrar em vigor em 1º de agosto.
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Governo prepara planos de contingência
Haddad revelou que um grupo de trabalho interministerial está elaborando propostas para mitigar os impactos da medida sobre os setores mais afetados. As alternativas incluem desde o uso da lei da reciprocidade até linhas de crédito, sem necessariamente gerar novos gastos públicos.
“Temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada pelo presidente da República”, afirmou Haddad.
O ministro citou como exemplo o caso do Rio Grande do Sul, onde o governo federal utilizou instrumentos financeiros para apoiar empresas atingidas pelas enchentes, sem aumentar o gasto primário.
Relação Trump-Bolsonaro no centro da tensão
Haddad apontou que a relação pessoal entre Donald Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro pode estar influenciando a decisão norte-americana. Segundo ele, o Brasil não é o principal alvo econômico dos EUA e possui déficit na balança comercial com o país.
“O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro”, disse o ministro.
Ele defendeu uma postura unificada do país na defesa do interesse nacional e criticou setores da extrema direita que, segundo ele, estariam agindo contra os interesses do Brasil.
Negociações seguem sem resposta formal
Apesar das tentativas diplomáticas, o governo dos EUA ainda não respondeu às cartas enviadas em maio e na semana passada. Haddad relatou ter se reunido com autoridades americanas ao menos dez vezes este ano, inclusive com o secretário do Tesouro, que estaria aberto ao diálogo sobre uma tarifa de 10% — muito inferior à proposta atual.
Pix também vira alvo de questionamento
Durante a entrevista, o ministro comentou a intenção de Trump de investigar o Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Haddad comparou o Pix à revolução dos celulares e rejeitou qualquer alegação de ameaça à soberania financeira dos EUA.
“O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero”, afirmou.
Meta fiscal segue inalterada, diz Haddad
Haddad também negou qualquer revisão na meta fiscal do governo. Segundo ele, a equipe econômica está comprometida em entregar o melhor resultado desde 2015, com foco em responsabilidade fiscal, geração de empregos e crescimento sustentável.
“Nós vamos entregar o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos”, garantiu.
Leia a nota do Ministério da Fazenda na íntegra
O Ministério da Fazenda informa que o governo brasileiro permanece comprometido com a manutenção do diálogo comercial com os Estados Unidos. O Brasil reitera sua disposição em buscar soluções negociadas que preservem os interesses nacionais e respeitem as normas internacionais de comércio.
O governo federal está avaliando alternativas para proteger os setores produtivos brasileiros, inclusive com base na legislação vigente. Medidas de apoio econômico serão consideradas conforme os cenários se desenrolarem.
O Ministério reafirma que qualquer decisão será tomada com responsabilidade fiscal e em consonância com a política econômica do país.