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- O PNL 2025, elaborado pela EPL, excluiu a BR-319 como prioridade, gerando críticas no Amazonas por negligência regional.
- Especialistas como Augusto Rocha e Luiz Pagot alertam para impactos econômicos e climáticos da ausência de infraestrutura.
- A rodovia Manaus-Porto Velho é vista como essencial para reduzir custos logísticos e garantir abastecimento em períodos de seca.
O Plano Nacional de Logística 2025 (PNL 2025) não inclui a BR-319 entre os projetos prioritários. A rodovia liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e é considerada estratégica para a integração da região Norte. A ausência do trecho no plano reacende o debate sobre desigualdades regionais e infraestrutura no Amazonas.
O documento da EPL cita a rodovia apenas como “em estudo”. O trecho crítico, de 405,7 km, segue sem asfaltamento definitivo. O governo federal exige estudos ambientais. Já políticos e especialistas defendem a recuperação imediata da via.
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BR-319 e a integração nacional
Para o professor Augusto César Rocha, da UFAM, a exclusão da BR-319 confirma uma negligência histórica. Ele afirma que o plano centraliza investimentos no Sudeste e ignora a realidade logística da Amazônia.
“É mais caro transportar de Manaus a Santos do que da China ao Brasil”, compara. Rocha destaca que a rodovia é essencial para reduzir o custo de vida e garantir abastecimento interno.
Impactos econômicos e climáticos
O economista Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do DNIT, defende a pavimentação da BR-319 como resposta à crise climática. Ele lembra que a estiagem severa de 2023 comprometeu o transporte fluvial.
“A rodovia é alternativa logística em períodos de seca. Também reduz preços de alimentos e insumos básicos”, afirma. Para ele, a demora é fruto de “casuísmo ambiental” e falta de articulação política.
Hidrovias no papel, mas não na prática
O PNL 2025 reconhece os rios Solimões-Amazonas e Madeira como hidrovias “sem restrições”. Mas especialistas alertam: não há infraestrutura adequada para garantir navegabilidade contínua.
Pagot defende dragagens, balizamentos e portos municipais. Rocha reforça: “Temos rios, não hidrovias estruturadas. Isso limita o escoamento de grãos e combustíveis”.
Ausência de investimentos estruturantes
O plano não prevê obras concretas no Amazonas. A BR-319 aparece apenas como sugestão futura. Não há cronograma, metas ou orçamento definido.
O presidente da Associação Amigos da BR-319, André Marsílio, critica a omissão. “O plano fala da importância, mas não age. Isso não é prioridade”, afirma.
Contexto político e constitucional
Para Rocha, o plano ignora o princípio constitucional de redução das desigualdades regionais. “Falta compromisso de Estado com o Norte”, diz.
Pagot aponta a ausência de ferrovias, portos e voos regulares. “Sem logística, não há atração de investimentos”, conclui.
Na audiência pública do PNL em Manaus, apenas um cidadão falou. “Não houve debate real”, relata Rocha. Ele cobra escuta ativa e planejamento com foco na realidade amazônica.
Pressão por ações concretas
Com a previsão de nova seca em 2024, cresce a pressão por medidas emergenciais. Marsílio pede que parlamentares exijam a inclusão da BR-319 no PNL com cronograma e orçamento.
“O Amazonas precisa de ação concreta, não de promessas eleitorais”, finaliza.