Bolsonaro tentou usar fraude nas urnas para intervenção militar, diz Cid

Objetivo era desacreditar o sistema eleitoral e justificar uma ruptura institucional com apoio das Forças Armadas.

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  • Mauro Cid declarou ao STF em 9 de outubro que Bolsonaro tentou mobilizar militares alegando fraude nas urnas eletrônicas.
  • O ex-presidente pressionava o Ministério da Defesa para questionar publicamente a segurança do sistema eleitoral.
  • No Amazonas, onde Bolsonaro teve 57,5% dos votos, lideranças aguardam os desdobramentos antes de se manifestarem.

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid declarou nesta segunda-feira (9) que o ex-presidente Jair Bolsonaro buscava comprovar fraude nas urnas eletrônicas. Segundo ele, o objetivo era convencer os comandos das Forças Armadas a apoiar uma intervenção militar após as eleições de 2022.

A declaração ocorreu durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes. Cid é o primeiro réu do chamado “Núcleo 1” da trama golpista a prestar depoimento. Ele atua como delator nas investigações.

Bolsonaro pressionava militares por indícios de fraude

Durante o interrogatório, Cid afirmou que Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, seu vice na chapa de 2022, esperavam encontrar falhas no sistema eletrônico de votação. A intenção era usar essas supostas falhas como justificativa para uma intervenção militar.

O ex-presidente pressionava o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para que questionasse publicamente a segurança das urnas. “Com a fraude na urna, poderia convencer os militares”, disse Cid.

Documento militar levantou dúvidas sobre urnas

Em 2022, o Ministério da Defesa enviou ao Tribunal Superior Eleitoral um relatório técnico. O parecer indicava que não era possível afirmar que o sistema eletrônico de votação estava isento de interferências externas.

Os militares faziam parte da Comissão de Transparência Eleitoral, criada pelo próprio TSE para acompanhar o processo eleitoral. A atuação da Defesa gerou questionamentos sobre a tentativa de politização das Forças Armadas.

Depoimentos miram núcleo estratégico da tentativa de golpe

O depoimento de Mauro Cid é o primeiro de uma série que ocorrerá até sexta-feira (13). O ministro Alexandre de Moraes ouvirá outros nomes ligados ao suposto plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre os convocados estão o próprio Jair Bolsonaro, além de Braga Netto, Anderson Torres, Augusto Heleno e Almir Garnier. Todos são investigados por envolvimento na tentativa de ruptura institucional.

Repercussão no Amazonas e no cenário nacional

No Amazonas, a repercussão do caso é acompanhada com atenção. O estado teve forte presença de eleitores bolsonaristas nas eleições de 2022. Segundo o TSE, Bolsonaro obteve 57,5% dos votos válidos no segundo turno no estado.

Especialistas apontam que a apuração do STF pode impactar o cenário político regional. Lideranças locais ligadas ao ex-presidente aguardam os desdobramentos antes de se posicionarem publicamente.

O interrogatório de Mauro Cid foi interrompido às 16h45 para intervalo e deve seguir até as 20h. A expectativa é que novas informações reforcem a linha de investigação do STF sobre a tentativa de golpe.

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