A votação na Câmara dos Deputados que decidiu pelo trancamento da ação penal contra Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, dividiu a bancada do Amazonas. O caso, analisado na noite de 7 de maio, terminou com 315 votos a favor e 143 contra. Entre os representantes amazonenses, três votaram a favor e dois contra.
Adail Filho (Republicanos), Alberto Neto (PL) e Pauderney Avelino (União Brasil) apoiaram o arquivamento da ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Já Sidney Leite (PSD) e Amom Mandel (Cidadania) se posicionaram contra a medida.
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Bancada do Amazonas e o contexto político
O racha na bancada reflete as alianças políticas locais. Deputados alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como Alberto Neto, seguiram a orientação do PL. Já oposicionistas, como Amom Mandel, defenderam a continuidade das investigações no STF.
A decisão da Câmara tem impacto político no Amazonas. A atuação dos deputados em pautas nacionais influencia suas bases eleitorais. O estado possui oito representantes na Câmara Federal, com posições diversas entre direita, centro e esquerda.
Ramagem, Abin e as investigações
A ação contra Alexandre Ramagem envolve o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades e adversários políticos. O caso tramita no STF e é parte de um inquérito mais amplo sobre aparelhamento do Estado durante o governo Bolsonaro.
Com a decisão da Câmara, Ramagem não poderá ser processado criminalmente por esse caso enquanto for deputado. No entanto, o STF já indicou que a medida não se estende a outros investigados, como o próprio Bolsonaro.
Repercussão e cenário nacional
A votação gerou reação entre partidos de oposição. Líderes acusaram o centrão e a base governista de enfraquecer instituições. A Câmara dos Deputados usou o artigo 53 da Constituição, que garante imunidade parlamentar, para justificar o arquivamento.
Ministros do STF reforçaram que essa imunidade é individual. A decisão não interfere em outros inquéritos, como o que apura a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. O caso segue sob investigação da Polícia Federal e do próprio Supremo.
Amazonas no debate institucional
O posicionamento da bancada do Amazonas insere o estado no debate sobre os limites da imunidade parlamentar. A divisão entre os deputados mostra como o tema ultrapassa linhas partidárias e reflete preocupações com a estabilidade democrática.
Nos próximos meses, o comportamento da bancada será observado em outras votações sensíveis. A relação entre os poderes e a responsabilização de autoridades seguirá no centro das discussões em Brasília.