Assessores e ex-funcionários do gabinete do vereador Gilmar Nascimento (sem partido) estão por trás de um suposto esquema de enriquecimento ilícito envolvendo o Arraial do Centro Social Urbano (CSU) do bairro Parque Dez de Novembro. As informações constam em uma representação feita pelo vereador Rodrigo Guedes que será apresentada ao Ministério Público do Amazonas (MPAM) e que contém fortes evidências de irregularidades na exploração do festival.
O coordenador do CSU é um homem identificado como Derval dos Santos. Em buscas de descobrir mais informações sobre esse coordenador, a reportagem fez buscas no Portal da Transparência e descobriu que ele é ex-assessor parlamentar do vereador Gilmar Nascimento, nomeado em agosto de 2018 para um cargo comissionado com simbologia DAS-1.
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Bom lembrar que foi Derval que autorizou a exploração de uma área verde do CSU para ser usada como estacionamento particular sob o custo de R$ 20 reais por veículo. O próprio coordenador assumiu publicamente que permitiu a cobrança, como também a destruição de parte do muro e gradil do Complexo, em uma ação que a própria Prefeitura de Manaus condenou.
Atualmente Derval não está mais no quadro de assessores de Gilmar Nascimento, mas possui um cargo comissionado na Casa Civil da Prefeitura com salário mensal de R$ 3.746,70 (três mil, setecentos e quarenta e seis reais e setenta centavos).
As ligações entre Gilmar Nascimento e os coordenadores do Arraial do CSU não param por aí. A representação também mostra que os comerciantes interessados em alugar barracas no festival precisam pagar valores que variam de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais) a R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais). Os comerciantes pagam esse dinheiro para um homem identificado como Syndean Barros Brasil Marques, que é outro assessor do vereador Gilmar Nascimento, com salário mensal de R$ 6.399,89 (seis mil, trezentos e noventa e nove reais e oitenta e nove centavos) na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Outra pessoa que também estaria explorando ilegalmente o espaço público do Centro Social Urbano é o empresário Francisco Emerson Menezes de Almeida, dono da Arsenal Produções. Isso porque a empresa recebeu R$ 1.008.900,00 (hum milhão, oito mil e novecento reais) da Fundação Municipal de Turismo, Cultura e Eventos (ManausCult) para fornecer os equipamentos de som usados no festival,
A representação feita pelo vereador Rodrigo Guedes contém prints que provam que Francisco também estaria recebendo, através de transferências via PIX, valores cobrados dos comerciantes por “cessão de espaço” nas depedências do CSU.
A representação feita pelo vereador Rodrigo Guedes contém prints que provam que Francisco também estaria recebendo, através de transferências via PIX, valores cobrados dos comerciantes por “cessão de espaço” nas depedências do CSU.
Vale lembrar que a exploração comercial de espaços públicos só pode ser feita mediante autorização do órgão ou instituição pública responsável pelo local. O Radar entrou em contato com a ManausCult e com a Prefeitura de Manaus, para saber se a empresa Arsenal e se o assessor de Gilmar Nascimento, Syndean Barros Brasil Marques, possuem autorização legal para comercializar espaços no CSU, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.
Vale lembrar que a exploração comercial de espaços públicos só pode ser feita mediante autorização do órgão ou instituição pública responsável pelo local. O Radar entrou em contato com a ManausCult e com a Prefeitura de Manaus, para saber se a empresa Arsenal e se o assessor de Gilmar Nascimento, Syndean Barros Brasil Marques, possuem autorização legal para comercializar espaços no CSU, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.
Gilmar se defende
O caso também repercutiu na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta quarta-feira (21), onde Rodrigo Guedes falou sobre essas possíveis irregularidades encontradas e anunciou que iria entrar com uma representação no Ministério Público do Amazonas (MPAM). Mesmo sem ser citado diretamente, o vereador Gilmar Nascimento ficou visivelmente irritado e foi à tribuna da Casa Legislativa, onde defendeu a exploração comercial do CSU.
“Eu iá vi vários eventos no CSU e em todos os eventos no CSU, na Ponta Negra, em vários locais de Manaus há venda de barracas, venda de guloseimas, isso é revertido para fazer a manutenção e pagamento do evento do Festival. /…]O Festival do Parque Dez não tem nenhuma ajuda da Prefeitura a não ser a cessão do espaço do CSU.”, disse o vereador, em fala mentirosa, tendo em vista que a Prefeitura gastou mais de R$ 1 milhão só com aluguel de equipamentos de som para o festival deste ano.
Em seguida, Gilmar partiu para ofensiva contra Rodrigo Guedes, e, em um discurso carregado de ataques pessoais, tentou jogar o plenário e a classe política contra o parlamentar autor da representação.
“As pessoas prestam, vereador Rodrigo Guedes! Eu não sei onde você vive porque pra você ninguém presta. Vossa excelência tentou denegrir o vereador Amom. Vossa excelência brigou com o Amom. Pra você [Rodrigo] ninguém presta. Eu não sei em que mundo você vive que para você todo mundo é fétido. Existem pessoas boas, não é só você que é bom, não é só você que é o mais econômico, não é só você que é um exemplo fundamental nessa casa não, os vereadores prestam, deputados prestam. Você tá ouvindo errado, vá trabalhar lá no CSU, vá brincar, vá ajudar, preste atenção no que fala” esbravejou Gilmar.
Em resposta, Rodrigo Guedes disse apenas que não vai se calar diante da situação e que vai seguir com a representação nos órgãos de controle.
Com informações do Radar Amazônico