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- Alexandre Ramagem negou nesta segunda (9), no STF, envolvimento em espionagem ilegal durante governo Bolsonaro, em depoimento do inquérito do golpe.
- Ele afirmou que a Abin não usou o software FirstMile e que o sistema foi desativado em 2021.
- O caso pode impactar o cenário eleitoral de 2024 no Amazonas, onde Bolsonaro teve forte apoio.
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), negou nesta segunda-feira (9) ter determinado monitoramentos ilegais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O depoimento ocorreu no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, Ramagem afirmou que não autorizou o uso da estrutura da Abin para fins ilegais durante o governo de Jair Bolsonaro.
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Ramagem nega uso da Abin para espionagem
Segundo o deputado, a Abin não tinha controle de sistemas de monitoramento durante sua gestão. “Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade”, declarou. Ramagem também rejeitou envolvimento com o software FirstMile, apontado pela Polícia Federal como ferramenta de espionagem.
De acordo com ele, o sistema foi desativado em 2021, antes do período investigado. “É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal”, afirmou. A investigação aponta que o programa teria sido usado para vigiar autoridades e adversários políticos.
Acusações de colaboração com Bolsonaro
Ramagem também negou ter enviado documentos ao ex-presidente Jair Bolsonaro para embasar discursos sobre fraudes eleitorais. Disse que produzia textos privados com ideias para debates futuros. “Eu escrevia textos privados que me concatenavam alguma ideia”, explicou.
O ex-diretor é acusado de integrar o núcleo de inteligência da suposta trama golpista. A Polícia Federal aponta que ele teria contribuído para ações que visavam desacreditar o sistema eleitoral.
Contexto nacional e impacto no Amazonas
O caso ocorre em meio a uma série de depoimentos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes. Até sexta-feira (13), serão ouvidos outros réus, incluindo Bolsonaro, Braga Netto e Anderson Torres. A apuração investiga tentativas de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
No Amazonas, a repercussão do caso é acompanhada por lideranças políticas locais. O estado registrou votação expressiva em Bolsonaro em 2022. A apuração pode influenciar o cenário eleitoral de 2024, especialmente em cidades como Manaus.
O processo integra as ações do STF no inquérito das milícias digitais. Acompanhe atualizações no site oficial do Supremo Tribunal Federal.
Próximos depoimentos no STF
A ordem dos depoimentos inclui nomes ligados ao alto escalão do governo anterior. Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, já foi ouvido. Ramagem prestou depoimento nesta segunda. Os próximos são:
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general do Exército.
As investigações buscam esclarecer se houve articulação para reverter o resultado das eleições de 2022. Acompanhe o cronograma de depoimentos no portal do STF.