A Prefeitura de Manaus vem fortalecendo o cuidado em saúde mental ofertado à população indígena, por meio de uma rede intersetorial, que busca desenvolver soluções para aprimorar o atendimento desse público. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) identificou desafios para levar os serviços de saúde mental até os indígenas e envolveu diversos setores públicos na resolução dos casos.
A gerente de Assistência Especializada da Semsa, Efthimia Haidos, informou que a rede intersetorial vem sendo formada há cerca de dois anos, e um Grupo de Trabalho (GT) se reúne mensalmente para debater o assunto, sob coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai).
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“Nós tínhamos vários casos de indígenas que precisavam desse acompanhamento em saúde mental, mas eles não conseguiam se adequar ou até chegar aos serviços da Semsa. Então começamos a fazer reuniões intersetoriais, envolvendo várias secretarias, incluindo o Ministério Público Federal e Estadual, e demais dispositivos do Estado, e esse GT foi ganhando uma proporção muito grande por conta da resolutividade dos casos”, informou Efthimia.
Ainda de acordo com a gerente, os problemas de saúde mental registrados na população indígena nem sempre são transtornos psíquicos, mas podem estar relacionados a questões sociais, como moradia, abusos físicos e mentais ou uso abusivo de álcool e drogas. Por conta desse cenário, a secretaria passou a articular as ações em conjunto com outros órgãos públicos, principalmente aqueles que trabalham diretamente com os povos indígenas.
“Nos GTs, são discutidos os casos particulares que vão surgindo no cotidiano, e eventualmente realizamos capacitações para os profissionais que atuam na área indígena. Durante essas reuniões, também conseguimos avançar na elaboração de um Plano de Trabalho relacionado à saúde mental indígena”, contou.
A última reunião da rede intersetorial foi realizada no dia 27/7, no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Silvério Tundis, no bairro Santa Etelvina, zona Norte de Manaus. Os trabalhos têm contribuído com o avanço da secretaria na assistência e recuperação desses pacientes.
“A secretaria tem fortalecido as ações em saúde mental e já consegue fazer com que os serviços acolham essa demanda. A população indígena requer um atendimento diferenciado, por questões relacionadas à língua e aos costumes, e estamos conseguindo alcançar a recuperação de cada vez mais usuários por meio desse aperfeiçoamento”, pontuou Efthimia.
Congresso
Entre os dias 21 e 24/7, a Semsa participou de rodas de conversa no 8º Congresso Brasileiro de Saúde Mental sobre iniciativas de sucesso desenvolvidas em Manaus, incluindo o trabalho “A formação de uma rede intersetorial de saúde mental indígena: diálogos e interculturalidade para o cuidado territorial”.
A secretaria também teve outros cinco trabalhos aprovados para apresentação durante o Congresso: “Capacitação em Psiquiatria para médicos da Atenção Primária do município de Manaus”; “Serviço de Apoio Psicológico On-Line no município de Manaus durante a pandemia do novo coronavírus”; “Acessibilidade em tempos de pandemia – o telefone como oportunidade de ofertar cuidado e enfrentar o risco de desassistência em decorrência do isolamento social”; “Grupos de acolhida em saúde mental na pandemia de Covid-19”; e “A política de redução de danos e a aplicabilidade do cuidado em uma unidade de saúde especializada às pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas”.