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- AGU pediu à PF e à CVM, nesta semana, investigação sobre informação privilegiada no mercado financeiro brasileiro.
- Transações bilionárias em dólar ocorreram horas antes do anúncio de tarifas de Trump sobre aço e alumínio do Brasil.
- Volume atípico e sincronia com o anúncio levantaram suspeitas de uso indevido de dados sigilosos por operadores.
- As investigações podem atingir Eduardo Bolsonaro e gerar desdobramentos internacionais.
A AGU pediu à Polícia Federal e à CVM que investiguem uma possível operação bilionária com uso de informação privilegiada antes do tarifaço de Trump.
A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou nesta semana que a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apurem suspeitas de uso de informação privilegiada no mercado financeiro brasileiro. O caso envolve transações bilionárias em dólar realizadas pouco antes do anúncio de tarifas sobre produtos brasileiros pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
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As movimentações ocorreram no mesmo dia em que Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre aço e alumínio do Brasil. Segundo o The New York Times, investidores podem ter lucrado com a oscilação cambial, o que levanta suspeitas de acesso antecipado à informação.
AGU aciona PF e CVM para investigar operação
A suspeita é de que operadores do mercado tenham se antecipado ao anúncio oficial, vendendo ou comprando dólares em grande volume para obter ganhos financeiros. O uso de informação privilegiada é crime no Brasil, conforme a Lei nº 6.385/1976, e pode resultar em penas de prisão e multas.
A AGU também já havia encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que as transações suspeitas fossem incluídas no inquérito que investiga o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O que diz a legislação sobre informação privilegiada?
Segundo a legislação brasileira, é proibido negociar ativos com base em informações relevantes ainda não divulgadas ao público. A infração pode configurar crime contra o mercado de capitais.
Essas práticas são combatidas por órgãos como a CVM, responsável por fiscalizar e punir irregularidades no mercado financeiro. A autarquia pode aplicar sanções administrativas, além de encaminhar casos ao Ministério Público.
Três pontos que chamaram atenção das autoridades
1. Volume atípico: O volume financeiro movimentado no mercado de câmbio no dia do anúncio foi considerado fora do padrão.
2. Sincronia com o anúncio: As operações ocorreram poucas horas antes da fala pública de Trump.
3. Ligação política: A menção ao nome de Eduardo Bolsonaro no inquérito reforçou a necessidade de apuração mais ampla.
Próximos passos das investigações
A Polícia Federal deve abrir inquérito para apurar se houve crime financeiro. Já a CVM pode instaurar processo administrativo sancionador para identificar os responsáveis pelas operações.
O caso também pode ter desdobramentos internacionais, já que envolve decisões políticas de um ex-presidente dos Estados Unidos com impacto direto no mercado brasileiro.