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- Governo Lula cria comitê interministerial em Brasília, em 14 de julho, para reagir à tarifa dos EUA de 50%.
- Medida afeta exportações brasileiras de alumínio, aço, carne bovina e soja, impactando estados como Amazonas e São Paulo.
- Zona Franca de Manaus pode sofrer efeitos indiretos, com risco à arrecadação e empregos no polo industrial.
- Brasil estuda acionar a OMC e negociar com os EUA, além de propor incentivos internos e diversificação de mercados.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve oficializar nesta segunda-feira (14.jul.2025) a criação de um comitê interministerial para coordenar a resposta à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida é uma reação direta ao aumento anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, com vigência prevista para 1º de agosto.
A decisão foi articulada durante reunião no Palácio da Alvorada, no domingo (13.jul), com a presença de Lula, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
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Comitê interministerial será liderado por Alckmin
O novo grupo será coordenado por Geraldo Alckmin e terá participação dos ministérios da Fazenda, Casa Civil e Relações Institucionais. As reuniões ocorrerão na sede da Vice-Presidência, em Brasília.
O objetivo é elaborar uma resposta institucional articulada e rápida para mitigar os impactos econômicos da nova tarifa. A iniciativa também busca preservar a imagem do Brasil em acordos comerciais e evitar retaliações descoordenadas.
Quais produtos brasileiros serão afetados pela tarifa dos EUA?
Segundo o Ministério da Indústria e Comércio, a tarifa de 50% atinge principalmente exportações de alumínio, aço, carne bovina e soja. Esses produtos representam uma fatia significativa da balança comercial brasileira com os EUA.
O impacto é especialmente relevante para estados exportadores como Amazonas, Mato Grosso, Pará e São Paulo. No caso do Amazonas, a medida pode afetar a cadeia produtiva da Zona Franca de Manaus, que depende da exportação de insumos industrializados.
Medida pode gerar reação diplomática e econômica
Fontes do Itamaraty indicam que o governo brasileiro avalia acionar mecanismos previstos na Organização Mundial do Comércio (OMC). A equipe jurídica estuda a possibilidade de contestar a legalidade da tarifa por violar princípios de reciprocidade e livre comércio.
“Estamos diante de uma medida unilateral e injustificada, que exige resposta coordenada do Estado brasileiro”, afirmou um assessor do Planalto.
Além disso, o governo considera medidas de compensação interna para setores mais afetados, como incentivos fiscais e linhas de crédito emergenciais via BNDES.
Zona Franca de Manaus pode sofrer impacto indireto
Embora a tarifa dos EUA não incida diretamente sobre produtos da Zona Franca de Manaus, o aumento de custos logísticos e a retração de investimentos podem afetar o polo industrial amazonense.
Segundo dados da SUFRAMA, o Amazonas exportou mais de R$ 1,2 bilhão em produtos industriais para os EUA em 2024. Uma retração nesse mercado pode impactar empregos e arrecadação estadual.
Próximos passos do governo Lula contra o tarifaço
O comitê interministerial deve apresentar um plano de ação até o fim de julho. Entre as medidas em análise estão:
- Revisão de acordos bilaterais com os EUA;
- Negociação direta com o Departamento de Comércio norte-americano;
- Mobilização diplomática no Mercosul e na OMC;
- Incentivos à diversificação de mercados exportadores.
O Planalto também articula com o Congresso Nacional para acelerar projetos que fortaleçam a competitividade da indústria nacional frente a barreiras comerciais externas.
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