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- O general Braga Netto confrontou Mauro Cid no STF em acareação sigilosa, contestando delação sobre tentativa de golpe.
- Segundo Cid, Braga Netto teria entregue R$ 100 mil e participado de reunião sobre plano de ações contra autoridades.
- A defesa do general Braga Netto criticou a ausência de gravação, alegando prejuízo ao direito à ampla defesa.
O general Walter Braga Netto chamou o tenente-coronel Mauro Cid de “mentiroso” durante acareação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF). O encontro ocorreu na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado supostamente liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o advogado José Luis Oliveira Lima, defensor de Braga Netto, Cid permaneceu calado e com a cabeça baixa durante as acusações. A acareação foi solicitada pela defesa do general, que nega envolvimento na trama e contesta pontos da delação de Cid.
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Braga Netto e Mauro Cid frente a frente no STF
Ambos são réus no processo que investiga a organização de um golpe militar. O procedimento durou mais de 1h30 e foi realizado em ambiente fechado, com acesso restrito. Estavam presentes apenas o ministro relator, os réus, seus advogados e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
De acordo com o STF, a gravação da audiência não será divulgada. A decisão gerou críticas da defesa de Braga Netto, que afirmou que a ausência de registro audiovisual prejudica o direito à ampla defesa.
Acusações da delação de Mauro Cid
Dois pontos da delação premiada de Cid são centrais na controvérsia. O primeiro envolve a entrega de R$ 100 mil em uma sacola de vinho, supostamente feita por Braga Netto para financiar ações golpistas. O segundo trata de uma reunião na casa do general, onde teria sido discutido o plano “Punhal Verde e Amarelo”, com objetivo de monitorar e eliminar autoridades.
Braga Netto nega as acusações e afirma que o encontro em sua residência foi casual. Ele está preso desde dezembro de 2023, acusado de obstrução de justiça e tentativa de acesso a informações sigilosas da delação de Cid.
Segunda acareação: Torres e Freire Gomes
Logo após a acareação entre Cid e Braga Netto, foi realizada outra entre Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A defesa de Torres solicitou o procedimento para esclarecer contradições nos depoimentos.
Freire Gomes não é réu, mas figura como testemunha-chave. A acareação também foi conduzida por Moraes, com participação da Primeira Turma do STF, composta por ministros como Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
Repercussão no Amazonas e contexto nacional
No Amazonas, parlamentares acompanham com atenção o desdobramento do caso. A bancada federal tem cobrado transparência nas investigações e respeito ao devido processo legal. O estado, que registrou alto apoio ao ex-presidente Bolsonaro nas eleições de 2022, observa com cautela os impactos políticos da ação penal.
O processo, que envolve militares de alta patente, tem repercussão direta na estabilidade institucional do país. Segundo dados do TSE, Bolsonaro obteve 61% dos votos válidos no Amazonas no segundo turno, o que torna o tema sensível no cenário local.
Ao final da instrução, a Primeira Turma do STF decidirá se os réus serão condenados. A expectativa é de que novas acareações e depoimentos complementares ocorram nas próximas semanas.