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- A PF indiciou Carlos Bolsonaro e Ramagem por espionagem ilegal na Abin, durante o governo Bolsonaro, e enviou ao STF.
- O inquérito da Abin Paralela envolve 36 indiciados e monitoramento clandestino de autoridades brasileiras e paraguaias.
- O caso gera tensão política e preocupa estados como o Amazonas, que dependem da inteligência oficial contra o narcotráfico.
A Polícia Federal (PF) indiciou Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) no inquérito que investiga uma estrutura de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A investigação aponta que o grupo atuou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ramagem, hoje deputado federal, era diretor-geral da Abin à época. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, é apontado como um dos beneficiários das informações coletadas de forma irregular.
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PF conclui inquérito da “Abin Paralela”
Segundo a PF, o grupo teria usado ferramentas da Abin para monitorar ilegalmente autoridades públicas. A prática configura possível organização criminosa dentro do órgão. O inquérito foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), com 36 nomes indiciados.
A atual cúpula da Abin, liderada por Luiz Fernando Corrêa, também está entre os investigados. A PF identificou ações de espionagem contra autoridades do Brasil e do Paraguai, envolvendo negociações sobre a usina de Itaipu.
Repercussão política e contexto nacional
O caso tem impacto direto no cenário político nacional. Carlos Bolsonaro afirmou nas redes sociais que o indiciamento tem motivação eleitoral, mirando as eleições de 2026. Ramagem não comentou, mas já negou qualquer irregularidade.
A Abin declarou que não vai se manifestar. Em abril, Corrêa afirmou que a agência está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Reflexos no Amazonas e no Brasil
O Amazonas acompanha o caso com atenção, especialmente por conta de sua posição estratégica na segurança de fronteiras. O uso indevido de inteligência estatal preocupa autoridades locais, que dependem da Abin para ações de combate ao narcotráfico.
Segundo dados do Ministério da Justiça, a região Norte concentra 40% das rotas de tráfico internacional. A credibilidade dos órgãos de inteligência é fundamental para a cooperação entre União e estados.
Próximos passos no STF
Com o inquérito entregue ao STF, caberá ao ministro relator decidir se acolhe a denúncia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve se manifestar sobre os pedidos de abertura de ação penal contra os indiciados.
O caso pode influenciar o debate sobre o uso político de instituições do Estado. A oposição e aliados do governo Lula já se mobilizam para discutir o tema no Congresso Nacional.