Almir Garnier nega golpe e diz ter seguido função institucional

Ex-comandante da Marinha afirma que apenas cumpriu deveres legais e constitucionais durante o governo.

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  • Almir Garnier negou envolvimento em plano golpista ao depor ao STF, nesta terça (10), em Brasília, por dever institucional.
  • Ele confirmou reunião com Bolsonaro e debate sobre GLO, mas rejeitou ordens ilegais ou apoio à ruptura democrática.
  • O ex-comandante da Marinha disse não ter visto provas de fraude nas eleições de 2022 nem minutas golpistas formais.

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou envolvimento em qualquer plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Garnier afirmou que se manteve dentro de suas atribuições institucionais durante reuniões com o então presidente Jair Bolsonaro.

“Eu era comandante da Marinha. Não assessor político. Me ative à minha função”, declarou nesta terça-feira (10), durante os interrogatórios do Núcleo 1 da suposta trama golpista investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Garnier nega participação em articulação golpista

Segundo a Procuradoria-Geral da República, Garnier teria cogitado usar tropas da Marinha em apoio a uma ruptura institucional. Ele negou a acusação. Disse que não recebeu ordens ilegais nem participou de deliberações sobre golpe de Estado.

“A Marinha segue o Estatuto Militar. Se a ordem for ilegal, cabe ao subordinado pedir por escrito que ela seja revista”, explicou. Garnier também negou ter prometido apoio da Força Aérea, como afirmou o brigadeiro Carlos Baptista Júnior em depoimento à Polícia Federal.

Reunião com Bolsonaro e discussão sobre GLO

Garnier confirmou presença em reunião no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio do Planalto. Estavam presentes Bolsonaro, o então ministro da Defesa Paulo Sérgio, o comandante do Exército Freire Gomes e o ajudante de ordens Mauro Cid.

Segundo ele, discutiu-se a possibilidade de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) diante de manifestações em frente a quartéis. “Havia insatisfação popular. A GLO foi mencionada como instrumento legal de segurança”, disse.

Sem provas de fraude nas eleições de 2022

O almirante afirmou não ter visto qualquer documento que apontasse fraude nas urnas eletrônicas. “Não recebi informações que indicassem problemas no processo eleitoral”, declarou. Ele defendeu mais transparência para evitar crises futuras.

“Quanto mais transparente o processo, mais pacífica será a transição”, afirmou. Garnier reiterou que não houve apresentação de minutas golpistas. “Vi uma apresentação em tela, sem documentos físicos ou ordens formais.”

Contexto nacional e impacto no Amazonas

A investigação impacta diretamente o cenário político nacional e repercute nos estados. No Amazonas, onde as Forças Armadas têm forte presença estratégica, o caso levanta questionamentos sobre o papel institucional dos militares.

O estado abriga o Comando Militar da Amazônia e unidades navais importantes. A estabilidade democrática é essencial para garantir a segurança na região, que enfrenta desafios como o garimpo ilegal e o tráfico internacional.

Interrogatórios seguem até sexta-feira

O ministro Alexandre de Moraes ouvirá até sexta-feira (13) outros oito réus, incluindo Bolsonaro e Braga Netto. O julgamento deve ocorrer no segundo semestre. As penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

O caso é acompanhado por órgãos como o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, que analisam as implicações jurídicas e institucionais da tentativa de ruptura democrática.

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