Polícia Federal expulsa agentes por roubo de cocaína

Investigação interna revelou que os policiais desviaram drogas apreendidas e violaram deveres funcionais.

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  • Ricardo Lewandowski determinou em 2024 a exclusão de cinco agentes da PF por corrupção na DRE do Rio de Janeiro.
  • Os condenados desviaram 20 kg de cocaína e R$ 2 milhões, além de roubarem um talão de cheques em 2004.
  • O caso abala a credibilidade da Polícia Federal e expõe falhas graves na gestão e controle interno da corporação.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a perda do cargo público de cinco agentes da Polícia Federal (PF) condenados por roubar 20 kg de cocaína da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada após o trânsito em julgado da sentença da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em ação por improbidade administrativa.

Os agentes André Campos, Clóvis Barrouin de Mello Neto, Ivan Ricardo Leal Maués, Marcos Paulo da Silva Rocha e o escrivão Fábio Marot Kair foram condenados em 2012. Eles desviaram a droga e a revenderam a traficantes internacionais, segundo o processo judicial.

Corrupção na Polícia Federal impacta confiança institucional

O caso ganhou repercussão nacional por envolver agentes que investigavam a própria ação criminosa. A juíza Valéria Caldi Magalhães, da 8ª Vara Federal, destacou a gravidade da situação. Segundo ela, a investigação interna foi conduzida pelos mesmos policiais suspeitos, o que evidencia falhas graves de gestão.

“A simples constatação de que policiais lotados na DRE foram designados para compor uma equipe responsável pela investigação ‘paralela’ de graves fatos ocorridos na DRE, em que os principais suspeitos eram, portanto, os próprios policiais da DRE, todos colegas, só faz aumentar neste juízo a convicção de que a Polícia Federal do Rio de Janeiro precisa urgentemente de um choque de gestão e moralidade”, afirmou a magistrada.

Amazonas e o combate ao tráfico

O Amazonas, por sua posição geográfica, é rota estratégica do tráfico. Casos como o do Rio de Janeiro colocam em risco a credibilidade da PF em estados como o Amazonas, onde o combate ao narcotráfico é prioridade. Dados do site oficial da Polícia Federal mostram que a região Norte lidera apreensões de entorpecentes na Amazônia Legal.

A atuação de agentes corruptos compromete o trabalho de inteligência e enfraquece a cooperação com forças estaduais. O governo federal tem reforçado o policiamento nas fronteiras e investido em tecnologia para rastreamento de cargas ilegais.

Outros crimes cometidos pelos agentes

Além do roubo da droga, os agentes foram condenados por outros crimes. Em 2004, eles roubaram um talão de cheques durante uma abordagem em um clube privê. Também houve o desaparecimento de cerca de R$ 2 milhões em espécie da DRE.

Marcos Paulo da Silva Rocha foi condenado a 37 anos e 9 meses de prisão. Fábio Marot Kair recebeu pena de 25 anos e 5 meses. Nenhum dos cinco agentes estava na ativa, mas ainda constavam nos registros funcionais da PF.

Decisão de Lewandowski encerra vínculo com a corporação

A medida de Lewandowski encerra formalmente o vínculo dos condenados com a Polícia Federal. Eles deixam de receber qualquer benefício relacionado ao tempo de serviço. A decisão reforça o compromisso do Ministério da Justiça com a integridade institucional.

O caso serve de alerta para a necessidade de fiscalização contínua e mecanismos de controle interno mais eficazes. A sociedade exige transparência e rigor no combate à corrupção dentro das forças de segurança.

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