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- STF nega pedido da defesa de Bolsonaro para adiar ação penal sobre trama golpista.
- Ministro Alexandre de Moraes mantém cronograma com início dos interrogatórios em 9 de setembro.
- Ação penal 2668 envolve oito réus e apura tentativa de impedir posse do presidente eleito em 2022.
- Decisão reforça alinhamento entre STF e Ministério Público na condução das investigações.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou novo pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para suspender a ação penal que investiga uma suposta trama golpista. A decisão foi publicada na noite de quinta-feira (5) e mantém o cronograma da Justiça para os interrogatórios dos réus.
A defesa de Bolsonaro solicitava o adiamento dos depoimentos para ter acesso completo às provas anexadas em maio e para ouvir testemunhas de outras ações. Moraes considerou o pedido improcedente, destacando que a defesa teve a oportunidade de indicar até 40 testemunhas, mas escolheu apenas 15 e desistiu de seis.
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Trama golpista e núcleo central
A ação penal 2668 atinge o núcleo central da suposta trama golpista, composto por oito réus, incluindo Bolsonaro. A denúncia foi aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. Segundo o Ministério Público Federal, o grupo teria articulado medidas para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
Além de Bolsonaro, o núcleo inclui o general Walter Braga Netto, o general Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid. A Procuradoria-Geral da República dividiu a denúncia em cinco núcleos, e o STF acatou essa estrutura para facilitar o julgamento.
Decisão reforça cronograma do STF
Moraes manteve o início dos interrogatórios para segunda-feira (9). Ele afirmou que não há justificativa legal para atrasar a ação. A defesa de Bolsonaro queria aguardar a oitiva de testemunhas de outros réus, o que o ministro considerou incompatível com o andamento processual.
Na mesma quinta-feira, Moraes rejeitou pedido semelhante feito pela defesa do general Braga Netto. O ministro reforçou que as testemunhas consideradas relevantes poderiam ter sido incluídas pela própria defesa, o que não ocorreu.
Repercussão e impacto político
O caso tem repercussão nacional e regional. No Amazonas, líderes políticos acompanham com atenção os desdobramentos, já que o estado teve participação expressiva nas eleições de 2022. Segundo o TSE, Bolsonaro obteve 60,7% dos votos válidos no segundo turno no estado.
O avanço da ação penal pode influenciar o debate político local, especialmente entre aliados do ex-presidente. Com a manutenção do cronograma, o STF sinaliza que pretende dar celeridade ao julgamento do núcleo principal da denúncia.
O processo segue sob relatoria de Alexandre de Moraes, que também conduz outras investigações relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. As decisões recentes mostram alinhamento entre o STF e o Ministério Público na condução dos casos.
Próximos passos do processo
Com o encerramento das oitivas de testemunhas no dia 2 de setembro, o foco agora se volta aos interrogatórios. A expectativa é que os depoimentos dos réus tragam novos elementos sobre o suposto plano para manter Bolsonaro no poder.
O STF ainda não definiu prazos para a conclusão da instrução processual, mas a fase atual é decisiva. A ação penal 2668 representa um dos principais capítulos das investigações sobre tentativa de golpe no Brasil.