Bolsonaro deve apoiar outro nome da direita e divide eleitores

Apoio de Bolsonaro a outro candidato fragmenta a base conservadora e gera disputas internas na direita.

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Uma nova pesquisa da AtlasIntel revelou um cenário dividido sobre o futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o levantamento, 47,1% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro deveria desistir da candidatura à Presidência em 2026 e apoiar outro nome da direita. Por outro lado, 45,9% defendem que ele mantenha a intenção de concorrer. Outros 7% não souberam responder.

O estudo foi divulgado no sábado (29) pela CNN Brasil. A pesquisa também abordou a percepção pública sobre a participação de Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Para 51,4% dos entrevistados, o ex-presidente teve envolvimento, enquanto 48,1% discordam. Apenas 0,5% não opinou.

Bolsonaro réu no STF e inelegível até 2030

O debate sobre a permanência de Jair Bolsonaro na disputa presidencial ganhou força após o Supremo Tribunal Federal (STF) torná-lo réu por suposta participação na tentativa de golpe. O caso está relacionado aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes.

Além disso, Bolsonaro enfrenta outras investigações no STF e permanece inelegível até 2030, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A punição foi aplicada em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante o período eleitoral.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Bolsonaro afirmou que uma eventual prisão representaria o “fim” de sua vida. “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”, declarou. Ele também negou ter cometido qualquer crime: “Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa?”.

Possíveis substitutos de Bolsonaro na direita

Com a inelegibilidade do ex-presidente, surgem questionamentos sobre quem poderá liderar a direita em 2026. Um levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), apontou que 42% dos participantes de uma manifestação em Copacabana apoiam a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo, como alternativa.

A pesquisa foi realizada durante o ato em favor da anistia aos presos do 8 de janeiro. A pergunta feita aos manifestantes foi: “Se Bolsonaro não puder ser candidato, qual dos nomes a seguir é o melhor para concorrer à presidência?”.

Em segundo lugar, apareceu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com 21% das menções. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, obteve 16%. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi citado por 6% dos entrevistados.

Outros nomes da direita aparecem com pouca força

Outros políticos de perfil conservador também foram mencionados, mas com menor expressão. Entre eles estão os governadores Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (NOVO-MG). Ambos não compareceram à manifestação em Copacabana, o que pode ter influenciado a baixa lembrança.

O levantamento foi conduzido pelo projeto Monitor do Debate Político no Meio Digital, coordenado pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Monteiro. A pesquisa ouviu 495 pessoas entre 9h30 e 13h, com margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Impacto político no cenário nacional e regional

A divisão em torno do futuro de Bolsonaro revela incertezas na direita brasileira. O ex-presidente ainda mantém forte influência sobre sua base, mas a inelegibilidade e os processos judiciais podem forçar uma redefinição de lideranças.

No Amazonas, onde Bolsonaro teve desempenho expressivo nas últimas eleições, o cenário também é de expectativa. Lideranças locais do PL e de partidos aliados aguardam definições para alinhar estratégias em 2026. O governador Wilson Lima (União Brasil), por exemplo, tem evitado se posicionar diretamente sobre a sucessão nacional, mas mantém diálogo com setores bolsonaristas.

Na Câmara Municipal de Manaus e na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), parlamentares da base conservadora também acompanham os desdobramentos em Brasília. A definição de uma nova liderança da direita pode impactar alianças estaduais e municipais, especialmente nas eleições de 2024.

Desdobramentos jurídicos e eleitorais

O processo em que Bolsonaro se tornou réu no STF ainda está em fase inicial. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o acusa de incitar a tentativa de golpe e de atuar para deslegitimar o processo eleitoral. O julgamento pode se estender por meses, com impacto direto em sua imagem pública.

Mesmo inelegível, Bolsonaro continua ativo politicamente. Ele participa de eventos, concede entrevistas e atua como articulador dentro do PL. A legenda, presidida por Valdemar Costa Neto, já discute possíveis nomes para 2026, caso o ex-presidente não consiga reverter sua situação jurídica.

Especialistas avaliam que a direita brasileira enfrenta um dilema: manter Bolsonaro como figura central ou apostar em renovação. A pesquisa da AtlasIntel indica que o eleitorado conservador está dividido, o que pode abrir espaço para disputas internas e alianças inesperadas.

Polarização e confiança nas instituições

O levantamento também revela um país polarizado. A percepção sobre o envolvimento de Bolsonaro em um golpe divide opiniões, assim como sua permanência no cenário eleitoral. Isso reflete a crise de confiança nas instituições e o desgaste do debate político nacional.

Para analistas, o fortalecimento de novas lideranças depende da capacidade de dialogar com diferentes setores da sociedade. Tarcísio de Freitas, por exemplo, tem buscado adotar uma postura mais moderada, o que pode atrair eleitores fora do núcleo bolsonarista.

Já Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente mantêm forte apelo entre os apoiadores mais fiéis, mas enfrentam resistência fora desse grupo. A escolha de um nome de consenso será um dos principais desafios da direita nos próximos anos.

Conclusão: incerteza domina o cenário de 2026

Com Bolsonaro inelegível e réu no STF, o campo da direita se vê diante de uma encruzilhada. A pesquisa da AtlasIntel mostra que quase metade dos eleitores prefere que ele apoie outro nome, mas sua base ainda resiste à ideia.

Enquanto isso, nomes como Tarcísio de Freitas ganham espaço, mas ainda precisam consolidar apoio nacional. A definição de quem representará a direita em 2026 será decisiva não apenas para o futuro do grupo político, mas para o equilíbrio das forças no Congresso e nos estados.

O Amazonas, por sua vez, continuará sendo um termômetro importante, dada sua relevância eleitoral e o histórico de apoio ao bolsonarismo. As movimentações em Manaus e no interior do estado devem ser observadas com atenção nos próximos meses.

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